Mesmo assim, Marina Silva é hoje uma candidata mais difícil de ser derrotada por Dilma Rousseff (PT) do que, por exemplo, o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Outro candidato que, caso chegue ao segundo turno, poderia trazer dificuldades para a reeleição de Dilma é o governador Eduardo Campos (PSB-PE), dada a sua vinculação com o lulismo e a possibilidade de atrair parte do eleitorado de centro-esquerda.
Nas simulações de segundo turno realizadas pelo Datafolha, Dilma Rousseff venceria Marina Silva por 46% a 41%. Se o adversário fosse Aécio, a vantagem de Dilma seria maior (53% a 29%). Caso o oponente fosse Eduardo Campos, a presidente venceria por 55% a 23%.
A maior competitividade de Marina em relação a Aécio e Campos como adversária de Dilma também pode ser observada quando se analisa a divisão regional do voto. Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, na disputa Dilma x Marina, a presidente venceria no Sul (44% a 40%) e no Nordeste (56% a 33%), enquanto a ex-senadora sairia vitoriosa no Sudeste (45% a 41%) e no Norte/Centro-Oeste (46% a 43%). Ou seja, Dilma venceria em duas regiões e Marina igualmente em duas.
Contra Aécio, Dilma venceria em todas as regiões. No Sul, por 45% a 35%. No Sudeste, por 49% a 29%. No Nordeste, por 67% a 18%. E no Norte/Centro-Oeste, por 54% a 30%. Numa disputa contra Campos, Dilma também venceria em todas as regiões. No Sul, por 52% a 23%. No Sudeste, por 49% a 23%. No Nordeste, por 62% a 23%. E no Norte/Centro-Oeste, por 54% a 27%.
Marina Silva é também quem mais tira votos dos eleitores que aprovam o governo Dilma Rousseff. De acordo com o Datafolha, 16% dos que classificam a gestão Dilma como “ótimo/bom” poderiam votar em Marina. Onze por cento desse segmento optaria por Aécio Neves, e 8% por Eduardo Campos.
Tendo como referência a última pesquisa Datafolha, constata-se que, hoje, Aécio Neves é o melhor adversário para Dilma num segundo turno. Mesmo considerando que o PSDB é o partido mais forte de oposição ao PT, se o oponente for Aécio Dilma pode apostar na comparação do lulismo com a gestão FHC e beneficiar-se politicamente. Além disso, a presidente contaria a seu favor com a divisão do eleitorado de Marina Silva (assim como ocorreu no segundo turno de 2010 na disputa contra José Serra) e com parte importante dos eleitores de Eduardo Campos.
Por outro lado, Marina Silva é hoje a adversária mais difícil de ser enfrentada. Além de estar próxima de Dilma na simulação de segundo turno, tem o recall de 2010 como referência e tenderia a herdar quase a totalidade do eleitorado do PSDB. Além de estar dissociada do sistema político tradicional, o que é visto como vantagem pelos eleitores que, em junho, saíram às ruas para protestar contra corrupção e por melhores serviços públicos.
Segundo levantamento realizado pela Arko Advice tendo como base o resultado do primeiro turno da última eleição presidencial nas capitais, Marina venceu em cidades importantes como Brasília (41,95%), Belo Horizonte (39,88%) e Vitória (37,97%). Em outras nove capitais, a ex-senadora obteve mais de um terço dos votos (Rio Branco, Macapá, Manaus, Salvador, Fortaleza, João Pessoa, Recife, Rio de Janeiro e Palmas).
Apesar de Marina Silva ter vencido em apenas três capitais, ela ficou em segundo lugar em 13 cidades, o que significa um desempenho muito positivo para quem foi candidata por um partido sem estrutura e com pouco tempo de TV. Esse desempenho satisfatório sinaliza a busca do eleitor dos grandes centros urbanos por uma nova opção política.
Outro adversário que traria dificuldades para Dilma Rousseff num segundo turno é Eduardo Campos. Além de ter percentuais interessantes para quem é pouco conhecido nacionalmente (8% na simulação de primeiro turno e 23% no segundo turno, segundo o Datafolha), Campos já desponta com 12% das intenções de voto no Nordeste, região que abriga o principal reduto eleitoral do lulismo.
Assim, devido à histórica relação com o ex-presidente Lula, Campos tem potencial para conquistar parte do eleitor de esquerda/centro-esquerda. Sem falar que, assim como Marina, o governador atrairia, num segundo turno contra Dilma, quase a totalidade do eleitorado do PSDB. Aliás, não é por acaso que setores do governo entendem que seria importante a saída de Eduardo Campos do tabuleiro sucessório de 2014.
22 de agosto de 2013
Murillo de Aragão é cientista político.
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