"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA HÉLIO FERNANDES

A praga da corrupção do Maracanã começou com o prefeito Mendes de Moraes, seguiu com Garotinho, Dona Garotinha, cabralzinho. Joaquim Barbosa é o mais ardente presidenciável, como ‘premiere’ de ditador. Por onde anda o secretário Beltrame, o primeiro a desaparecer, depois do Amarildo? Alckmin continua sem saber da Siemens.



Nem quero falar mais no caso da família Pesseguini, de São Paulo, 5 pessoas foram assassinadas, a polícia continua sem saber o que houve. Só sabe que morreram, porque os corpos estavam ali.

Ninguém sabe de nada, testemunhos são cancelados ou desmentidos pelo próprio autor (um coronel da Polícia Militar), os peritos divergem entre si. Examinei a questão em profundidade, análise elogiada por dois técnicos, que aposentados mas trabalhando pediram sigilo, direito total do informante.
Passemos então ao caso Amarildo.

POR ONDE ANDA O SECRETÁRIO BELTRAME?

Até o trigésimo dia do desaparecimento do ajudante de pedreiro, apesar da repercussão nacional do fato, ninguém do governo falava nada. Os cartazes das ruas colocavam: “Fora, Cabral, e o Amarildo?”. Era uma exigência e uma interrogação.

Quando o desaparecimento completou 30 dias, o Jornal Nacional publicou, através do GPS, o trajeto de mais de 5 horas do carro da polícia que “apanhou” Amarildo na UPP e ele nunca mais apareceu.
Aí as coisas se complicaram, contaminaram não apenas Cabral, mas outras autoridades, como o secretário Beltrame, responsável por alguma vitórias importantes na própria área dessas UPPs, criadas por ele.

Acreditei que Beltrame, que sempre falou muito, aberta e ostensivamente, fosse dar um depoimento exemplar sobre o seu conhecimento do fato. Ficou em silêncio. Três vezes procurado pelo Jornal Nacional, mandou dizer “está muito ocupado”. Este repórter tentou falar duas vezes com ele, a mesma resposta.

O motorista do carro que “passeou” com Amarildo por 5 horas, num trajeto “estranhíssimo”, foi identificado por ter ameaçado várias vezes moradores da Rocinha.
Mesmo assim, não houve nada.
Por que Cabral, que diz “vou me recuperar, sou um democrata”, não diz nada? E Beltrame, com ações positivas e elogiáveis, está tão ocupado que não pode se explicar com a opinião pública?
(Desculpem, é tudo o que sei, NADA, sobre Amarildo.
Os que, por obrigação dos cargos, governador, secretário de Segurança, comandante da Polícia Militar, não falam nada. Porque não querem. Têm que saber.

AMANHÃ TEM MAIS SHOW DO MINISTRO BARBOSA

Depois de meses paralisada, a Ação Penal 470 (mais conhecida como mensalão) volta amanhã. Nenhuma importância como julgamento, esses Embargos de Declaração não podem mudar nada do que foi julgado.

Quando entrarem em pauta os Embargos Infringentes, aí será para valer. Os que foram condenados com quatro votos a favor, poderão obter reversões. Isso se os infringentes forem reconhecidos,  admitidos e compreendidos. Mas só na outra semana.

Grande dúvida para a abertura da sessão, amanhã. Barbosa pedirá desculpas francas ao ministro Lewandowski? Se pedir, serão aceitas na hora. Houve trabalho de bastidores a semana toda, até apelos foram feitos ao presidente relator, sem resposta.

Portanto, tudo pode acontecer na abertura da sessão de amanhã. Só uma vertente, um ato ou fato consequente: o que for melhor para a concretização do presidenciável Joaquim Barbosa.

Ele é candidatíssimo, apesar dos obstáculos, como a falta de legenda e a obrigação de pertencer a um partido até março-abril de 2014. Como magistrado, tem prazo reduzido. Que partido escolheria? Que partido aceitaria o ministro?

Mas é a oportunidade de trazer para o primeiro plano sua vocação e convicção claramente ditatorial. Se for candidato e ganhar, facilmente tentará se transformar num ditador, numa “janiada”, 50 anos depois. Se perder, não admitirá, como não tem admitido no Supremo.

CARTELÃO DA SIEMENS-ALCKMIN

Continua no mesmo ritmo: “Vou processar a Siemens, exigir devolução dos prejuízos ao Estado”. E insiste em copiar ou parodiar Lula: “Eu não sabia de nada”. Era governador do Estado (Covas estava doentíssimo desde a posse, morreu em 2001, Alckmin assumiu oficialmente).

O que ninguém explica, mas também não pode desmentir: por que a Siemens, grande beneficiária da CARTELIZAÇÃO, denunciou a ela mesma? O que dizem não oficialmente: grupos do Ministério Público de SP, que têm as maiores restrições ao governador, descobriram os fatos. Procuraram então dirigentes da Siemens, teriam colocado a seguinte proposta: “Vocês denunciam tudo, colaboram e são beneficiados, ou são denunciados, nenhum privilégio”. Aceitaram na hora.

E a própria Siemens, no auge de tudo, não abandona o bordão: “Não damos nota oficial, estamos colaborando”. Ora, no jargão da investigação, “colaborar” é o mesmo que confessar. É o que a Siemens está fazendo.

E Alckmin tenta duvidar, mas ninguém pode desmentir, a Siemens contou tudo num
“confessionário”, diante não de um padre de batina, mas com roupa de policial. Alckmin diz: “Essas mentiras não comprometem minha reeleição”. Pode ser.

PRESIDENTE DA CBF QUER REELEIÇÃO
Caiu no cargo por acaso, quer permanecer nele por planejamento. Os adversários não são muito melhores, os primeiros a denunciar as manobras de José Maria Marin. Este ressalta suas duas grandes atrações.

1 – A prática de sempre da corrupção e o desperdício do dinheiro dos patrocínios miliardários, que deveriam ir para os clubes.

2 – O fato de ter servido à ditadura e ao corruptíssimo Maluf. Foi “vice” dele. Maluf teve que se desincompatibilizar, Marin assumiu. E sua participação em casos escusos, denunciadíssimos, não pode ser reeleito.

A FÉ DE LULA

O ex, pensando no futuro, tem sido visto demoradamente com representantes de religiões exóticas. Só recusou um encontro, pedido por Marco Feliciano. Mas pelo menos uma vez por semana, comunga com Eike Batista. Agora que o tolo e tosco empresário está perdendo algumas empresas, Lula só se encontra com ele, avalizado duplamente.

Pela cúpula do Instituto milionário que leva seu nome. E por Gilberto Carvalho. Só que este não é avalista de hoje, é de sempre. Dona Dilma tenta “conquistar” o ministro-secretário-geral, mas não consegue,

O DEBATE PARA CONSTRUIR O MARACANà

Lacerda e o grande jornalista Mário Filho não brigaram, eram amicíssimos, ao contrário do que foi publicado. A luta foi na Câmara de Vereadores, eleita em 19 de janeiro de 1947, com 50 vereadores. A maioria (19) do Partido Comunista, que era então inteligente.

Em segundo lugar, a UDN, com 12, grandes nomes, até o embaixador Pascoal Carlos Magno, que veio direto da Grécia para a Câmara Municipal. Sem falar no notável poeta Jorge de Lima.

Duas divergências entre os vereadores. 1 – O local. Lacerda defendia Jacarepaguá, mostrou um mapa com esse bairro, muito bonito, então deserto e desabitado. Ficava perto dos mais diversos centros da zona sul, que então era apenas Copacabana.

2 – Todos eram contra a corrupção, que antes mesmo do início da construção já era representada pelo acusadíssimo prefeito Mendes de Moraes. Mais tarde foi desmascarado em praça pública, mas continuou impune e intocado, como todos os corruptos.

A corrupção começou com a construção do estádio, se manteve com três reconstruções. Com Garotinho, sua mulher Garotinha e agora, sensacional, com Sergio Cabral.

A LIDERANÇA DE MÁRIO FILHO, A TRAGÉDIA DA FAMÍLIA RODRIGUES

Importante como administrador, jornalista, escritor, realizador. Dono do “Jornal dos Sports”, numa época em que os jornais tinha no máximo 24 páginas, uma de esportes. Ganhou prestígio nacional quando realizou os “Jogos da Primavera”.

Como escritor, tem dois livros admiráveis e inquestionáveis. “O negro no futebol brasileiro” (que devia ser reeditado imediatamente) e “História do Flamengo”, ele, que como toda a imensa família, era tricolor.

Defendeu com entusiasmo e cordialidade (duas características pessoais, como o charuto, que não dispensava nunca) o Maracanã ali, onde era o hipódromo do Derby Club, presidido pelo ex-prefeito Paulo de Frontin. E ganhou.

A ÚLTIMA COPA DO MÁRIO

Estive em várias com ele. A última na Inglaterra em 1966, quando o Brasil foi eliminado na primeira fase. Voltou para o Brasil, eu ainda estava na Europa, ele morreu de um enfarte fulminante. Emocionada e desesperada, a mulher dele logo se suicidou, em mais um episódio trágico da família Rodrigues. (Não esquecer que ele era Mario Rodrigues Filho. O pai, dono do diário “A Crítica”).

Em 1931, Roberto Rodrigues (grande caricaturista, irmão de Mário) foi assassinado por Silvia Tibau, que sofria com a campanha de Mário Rodrigues. Foi matar o pai, ele não estava, assassinou o filho. Mauro Tibau, filho de Silvia, quase 40 anos depois, foi ministro do Planejamento. (Lógico, isso é outra história).

A última vez que estive com meu amigo Mario Filho, em 1966, Liverpool, onde a seleção do Brasil estava sediada.

PS – 12 dias em Liverpool, o suficiente para sentir a adoração, já quase idolatria, pelos jovens Beatles. Que mais ou menos há três anos, haviam deixado uma garagem da cidade, para ganhar o mundo e conquistar a eternidade.

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