Acaba de chegar aqui o último livro do meu caro Olavo de Carvalho: O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota (em pré-venda na Livraria do Seminário). Mais que uma simples coletânea da sua extensa produção de artigos, a obra apresenta importante diferencial: os textos foram organizados por temas – e o organizador do volume, Felipe Moura Brasil, teve o cuidado de acrescentar notas esclarecedoras, relevantes, que indicam bibliografia suplementar e fornecem trechos elucidativos de outros textos do autor.
O alentado volume oferece oportunidade ímpar aos detratores de Olavo: podem, a partir de agora, falar mal dele não motivados por suas próprias mesquinharias, mas com base no que ele realmente escreveu. A frase anterior é, claro, apenas um exercício irônico de estilo: aqueles que não leram Olavo até agora – e preferem não ler e não gostar –, dificilmente mudarão de atitude. Perdem, assim, a oportunidade de conhecer o pensamento mais audacioso que surgiu neste país nas últimas décadas. Mas isso nada significa para quem está feliz seguindo o rebanho, de olhos presos ao chão e pronto a balir em uníssono.
Num rápido passar de olhos, reencontrei artigos e ensaios memoráveis. Todo jovem deveria ler “Vocação e equívocos”, originalmente publicado na extinta Bravo!, em fevereiro de 2000 – exemplo do que nossos educadores deixaram de ensinar, o texto expõe a ética subjacente às aulas que Olavo ministra em seu Seminário de Filosofia.
Em “Literatura do baixo ventre” (Jornal da Tarde, 3 de julho de 2003), Olavo serve-se das Memórias de Adolfo Bioy Casares para realizar uma vivissecção na literatura contemporânea brasileira, grande parte dela produzida com um arremedo de fervor, tão rasteiro quanto as lições estruturalistas, desconstrucionistas e relativistas que nossos acadêmicos repetem como autômatos.
E se você, leitor, sente-se de alguma forma desconfortável na universidade ou no colégio; se a cada fala do professor uma luz incômoda acende em seu cérebro, sem que você consiga descobrir o motivo do seu mal-estar; ou se, depois de perceber seu desacordo em relação ao que lhe ensinaram, você ainda não alcançou clareza suficiente para compreender onde está o erro, onde está a mentira; se as lições diante das quais todos dizem “amém” já não lhe servem; em qualquer destes casos, comece o livro pela última seção, “Estudo”, e perceberá que o naufrágio da cultura nacional não é uma cena épica de Joseph Conrad, com um navio majestoso afundando depois de servir aos mais nobres ideais, mas triste, trágica decadência – à qual, entretanto, não estamos condenados.
A cada capítulo, falando de política internacional ou economia, desnudando nossa intelligentsia ou a farsa petista, Olavo de Carvalho reafirma o que disse, com ironia, em janeiro de 2007, no artigo “A autoridade religiosa do mal”, publicado no Diário do Comércio e reproduzido neste livro: “Não sou covarde o bastante para me abster de dizer as coisas como as vejo, só por medo de uma rotulação pejorativa”. Em outros termos, é como se dissesse: “Não me peçam para obedecer ao senso comum”.
Ora, o que mais se pode pedir da inteligência de um homem, exatamente quando, da janela do meu apartamento, vejo todos, praticamente todos, caminhando na mesma direção?
O alentado volume oferece oportunidade ímpar aos detratores de Olavo: podem, a partir de agora, falar mal dele não motivados por suas próprias mesquinharias, mas com base no que ele realmente escreveu. A frase anterior é, claro, apenas um exercício irônico de estilo: aqueles que não leram Olavo até agora – e preferem não ler e não gostar –, dificilmente mudarão de atitude. Perdem, assim, a oportunidade de conhecer o pensamento mais audacioso que surgiu neste país nas últimas décadas. Mas isso nada significa para quem está feliz seguindo o rebanho, de olhos presos ao chão e pronto a balir em uníssono.
Num rápido passar de olhos, reencontrei artigos e ensaios memoráveis. Todo jovem deveria ler “Vocação e equívocos”, originalmente publicado na extinta Bravo!, em fevereiro de 2000 – exemplo do que nossos educadores deixaram de ensinar, o texto expõe a ética subjacente às aulas que Olavo ministra em seu Seminário de Filosofia.
Em “Literatura do baixo ventre” (Jornal da Tarde, 3 de julho de 2003), Olavo serve-se das Memórias de Adolfo Bioy Casares para realizar uma vivissecção na literatura contemporânea brasileira, grande parte dela produzida com um arremedo de fervor, tão rasteiro quanto as lições estruturalistas, desconstrucionistas e relativistas que nossos acadêmicos repetem como autômatos.
E se você, leitor, sente-se de alguma forma desconfortável na universidade ou no colégio; se a cada fala do professor uma luz incômoda acende em seu cérebro, sem que você consiga descobrir o motivo do seu mal-estar; ou se, depois de perceber seu desacordo em relação ao que lhe ensinaram, você ainda não alcançou clareza suficiente para compreender onde está o erro, onde está a mentira; se as lições diante das quais todos dizem “amém” já não lhe servem; em qualquer destes casos, comece o livro pela última seção, “Estudo”, e perceberá que o naufrágio da cultura nacional não é uma cena épica de Joseph Conrad, com um navio majestoso afundando depois de servir aos mais nobres ideais, mas triste, trágica decadência – à qual, entretanto, não estamos condenados.
A cada capítulo, falando de política internacional ou economia, desnudando nossa intelligentsia ou a farsa petista, Olavo de Carvalho reafirma o que disse, com ironia, em janeiro de 2007, no artigo “A autoridade religiosa do mal”, publicado no Diário do Comércio e reproduzido neste livro: “Não sou covarde o bastante para me abster de dizer as coisas como as vejo, só por medo de uma rotulação pejorativa”. Em outros termos, é como se dissesse: “Não me peçam para obedecer ao senso comum”.
Ora, o que mais se pode pedir da inteligência de um homem, exatamente quando, da janela do meu apartamento, vejo todos, praticamente todos, caminhando na mesma direção?
20 de agosto de 2013
Rodrigo Gurgel
Nenhum comentário:
Postar um comentário