A volta de André Esteves ao noticiário policial levantou um grande debate no Congresso. Petistas de peso estão convencidos de que, se realmente Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, fechar acordo de delação premiada com a Justiça, a vida do dono do banco BTG Pactual pode se complicar ainda mais. Os petistas não detalham qual o tamanho da relação de Palocci com Esteves, mas ressaltam que os dois eram bem próximos. O banqueiro, que já foi preso no âmbito da Operação Lava-Jato, tinha trânsito livre com o então ministro. Essa mesma proximidade continuou com Guido Mantega, quando ele assumiu o comando da economia no governo Lula.
Palocci é apontado, pelos delatores da Odebrecht, como o centralizador da propina repassada ao PT. Sabe-se, porém, que o ex-ministro tinha muito contato com os bancos. Não por acaso, o mercado financeiro anda ouriçado com a possibilidade de Palocci abrir a boca.
BTG DEU UM SALTO – Esteves foi preso em novembro de 2015, acusado de tentar obstruir as investigações da Lava-Jato. Passou algumas semanas em Bangu, até ser liberado pela Justiça. Foram as ótimas relações do banqueiro com integrantes dos governos petistas que permitiram ao BTG Pactual dar um salto tão expressivo.
O BTG se tornou sócio da Caixa Econômica Federal ao comprar a participação do grupo Sílvio Santos no Banco Panamericano. A entrada da Caixa no Panamericano se deu em 2009, em meio à crise mundial provocada pelo estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos. A sociedade da instituição estatal com o grupo Sílvio Santos se deu por meio da CaixaPar, que, agora, é alvo da Operação Conclave, da Polícia Federal.
BANCO QUEBRADO – A PF quer saber por que a CaixaPar investiu R$ 740 milhões em um banco quebrado, com rombo de R$ 4 bilhões. Quer saber ainda qual foi a negociação com o BTG de Esteves, que mudou o nome do Panamericano para PAN depois que assumiu o controle da instituição.
A Operação Conclave cumpriu hoje 46 mandados de busca e apreensão, inclusive na casa de Esteves, que teve o sigilo bancário quebrado pela Justiça. O banqueiro, mesmo com toda a suspeição que recai sobre ele, voltou a dar as cartas no BTG logo depois que saiu da prisão.
24 de abril de 2017
Vicente Nunes
Correio Braziliense
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