As mais recentes delações premiadas – muitas das quais fragilizaram bastante a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – acendeu a luz vermelha na esquerda brasileira e muitos teóricos como o teólogo Leonardo Boff, antes ferrenho defensor de Lula, parecem ter sido atingidos no coração pelas revelações de empresários como o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, e do todo-poderoso Emilio Odebrecht.
Em artigo publicado em sua página oficial, Boff avaliza uma minudente leitura do cenário político nacional, que avalia a Lava Jato, os delatores e dedica um parágrafo especial ao ex-companheiro, valendo-se de artigo da jornalista Carla Jiménez do jornal espanhol El Pais, que diz: “Lula, por outro lado, mais do que os crimes a que responde, feriu de golpe a esquerda no Brasil. Ajudou a segregá-la, a estigmatizar suas bandeiras sociais e contribuiu diretamente para o crescimento do que há de pior na direita brasileira. Se embebedou com o poder. Arvorou-se da defesa dos pobres como álibi para deixar tudo correr solto e deixou-se cegar. Martelou o discurso de ricos contra pobres, mas tinha seu bilionário de estimação. Nada contra essa amizade. Mas com que moral vai falar com seus eleitores?”
CORRUPTOS E CORRUPTORES – Em sua própria avaliação, diz o teólogo: “Seguramente a grande maioria concorda com o conteúdo e os termos desta catilinária contra corruptos e corruptores que tem caracterizado nos últimos tempos o Brasil. Formou-se entre nós, praticamente, uma sociedade de ladrões e de bandidos que assaltaram o país, deixando milhões de vítimas, gente humilde de povo, sem saúde, sem escola, sem casa, sem trabalho e sem espaços de encontro e lazer. E o pior, sem esperança de que esse rumo possa facilmente ser mudado. Mas tem que mudar e vai mudar. É crime demasiado. Nenhuma sociedade minimamente humana e honesta pode sobreviver com semelhante câncer que vai corroendo as forças vitais de um nação”.
Boff acrescenta que está equivocado quem parte da ideia de que ele fosse um defensor do PT.
“Enganam-se aqueles que eu, pelo fato de defender as políticas sociais que beneficiaram milhões de excluídos, realizadas pelos dois governos anteriores, do PT e de seus aliados, tenha defendido o partido. A mim não interessa o partido, mas a causa dos empobrecidos que constituem o eixo fundamental da Teologia da Libertação, a opção pelos pobres contra a pobreza e pela justiça social, causa essa tão decididamente assumida pelo Papa Francisco”. (artigo enviado por Mário Assis Causanilhas e Valmor Stédile)
24 de abril de 2017
postado por m.americo
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