"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

COM MACRON, RENASCE A ESPERANÇA DO REFORMISMO POSSÍVEL, LONGE DA ESTREMA DIREITA


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Macron e Marine: centro-esquerda X extrema-direita
O resultado do primeiro turno das eleições na França sem dúvida alguma emociona, porque representa o renascimento da ideia reformista, dentro dos limites do possível e longe da extrema-direita de Marine Le Pen. Este quadro ficou claro nas comemorações no comitê central da campanha, quando ele recebeu o apoio de Fillon e praticamente uma palavra a favor de Milenchon. Milenchon concorreu pela extrema-esquerda, porém está longe de ser um comunista. Aceitou o resultado, que, aliás, assinala o êxito dos institutos de pesquisa na França.
As eleições francesas traduzem um histórico importante. Foram as primeiras no mundo, em 1965, que instituíram ou a maioria absoluta no primeiro, ou um segundo turno entre os dois mais votados. É a chamada ballotage. Sistema que funcionou a primeira vez em 65, quando De Gaulle derrotou François Mitterrand, candidato do Partido Socialista. MItterrand depois se elegeu e reelegeu presidente do país.
SEGUNDO TURNO – A origem do segundo turno, da ballotage, portanto, tem uma história interessante. No após guerra, De Gaulle assumiu o poder por escolha indireta. Enfrentou vários problemas como a guerra da Argélia, do Marrocos, da Indochina. Renunciou em 48, mas depois de uma série de crises internas, voltou ao poder em 58 com a chamada 5ª República. Era chamado um governo de salvação nacional. Cumpriu o que prometeu. Terminou com a Guerra da Argélia, o que lhe custou um atentado em que quase perde a vida. Mas esta é outra história.
Em 65 os gaullistas lançaram sua candidatura a reeleição e De Gaulle condicionou à introdução do voto direto. Foi reeleito em 65, vencendo Mitterrand, como disse há pouco. Mas criava-se na França um sistema de adesão das correntes afastadas do segundo turno a escolher o primeiro ou segundo colocado na etapa inicial. Instituía-se assim um sistema possível de adesões, evitando-se a falta de uma base parlamentar para o governo que surgia.
NOVA ETAPA – Agora descortina-se uma nova etapa da política francesa e da própria história da França. Macron, com sua juventude, parte em busca de fazer renascer a esperança do reformismo possível dentro das bases democráticas. Muitas questões terá pela frente, sem dúvida. Mas o poder nunca deixará de apresentar desafios àquele que a ele atinge. São questões relativas a emprego, ao PIB, que tem que crescer mais que a população para distribuição de renda. Há, ainda, a questão da imigração que atinge em cheio não só a França, mas a outros países da Europa.
No dia 7 de maio a decisão final entre Macron e Marine Le Pen. A população e o futuro da França aguardam o desfecho.

24 de abril de 2017
Pedro do Coutto

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