A situação é de tensão e expectativa. Ninguém sabe o que poderá acontecer em Curitiba, no próximo dia 3, quando Lula da Silva for prestar depoimento ao juiz federal Sérgio Moro. O ex-presidente vai ser interrogado sobre o caso do tríplex no Edifício Solaris, que a defesa de Lula afirma ser de propriedade da empreiteira OAS e até acaba de anexar ao processo um documento destinado a comprovar essa assertiva.
Mas o ex-presidente da OAS, ao depor ao juiz Moro nesta quinta-feira à tarde, disse que o tríplex era mesmo de Lula, denunciando que o ex-presidente lhe recomendou que destruísse as provas das propinas ofertadas pelas empreiteira.
PRISÃO DE LULA – Os dirigentes do PT estão desconfiados de que Lula possa ser preso, depois de depor ao juiz da 13ª Vara de Curitiba. Justamente por isso, decidiram promover uma gigantesca manifestação diante do prédio da Justiça Federal em Curitiba, reforçada por militantes da CUT e outras centrais, da UNE, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), de sindicatos e federações, além do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), ligado ao PCdoB, com participação também da bancada federal do PT e de partidos aliados, e os parlamentares pretendem se revezar em discursos do lado de fora.
Mais de 30 mil pessoas são aguardadas, com hospedagem e transporte custeados pelas organizações ligadas ao partido. O fato mais intrigante é que nenhuma entidade assume estar organizando oficialmente as caravanas rumo à cidade, mas praticamente todas elas admitem que seus quadros se mobilizam pelas redes sociais para viajar em apoio a Lula.
RÉU E VÍTIMA – A ideia é transformar o ex-presidente em vítima, uma tática já surrada de tão velha, e colocar em xeque o que se classifica de “imparcialidade do juiz” na condução do processo. Para se preparar e responder às perguntas do juiz sobre o triplex e suas relações com a OAS, que ajudou a reformar equipar o tríplex e o sítio de Atibaia, além de pagar a manutenção do acervo presidencial trazido de Brasília, Lula está tendo aulas em seu apartamento de São Bernardo do Campo. As principais questões que irá responder são as seguintes:
Se a sua mulher Marisa Letícia comprou um apartamento simples, de apenas de 86 m2, como o imóvel se transformou no tríplex 164, de 250 m2?
Por que, a pedido de Marisa Letícia, a OAS fez “obras de decoração” e um elevador interno, que não existe no outro tríplex?
O ex-zelador do prédio, José Afonso, afirma que o tríplex pertencia a Lula e o engenheiro da OAS Igor Pontes, que acompanhou a reforma, também diz que a obra foi feita conforme o gosto da família de Lula. Como explicar?
Por que Lula e Marisa visitaram o apartamento, junto com o então presidente da OAS, Léo Pinheiro, se o tríplex não lhes pertencia?
Por que a família de Lula só desistiu do negócio em 2015, enquanto os demais clientes da Bancoop/OAS tiveram que decidir isso em 2009?
Por que as reformas, segundo o ex-zelador José Afonso, foram supervisionadas por Fábio Luís, filho de Lula?
Por que a OAS resolveu pagar o aluguel de um galpão para guardar o acervo que Lula trouxe do Planalto?
Qual o motivo desse relacionamento tão próximo entre Lula e o empresário Léo Pinheiro, da OAS?
O ex-presidente da OAS diz que o tríplex pertencia a Lula, que mandou que destruísse as provas. Com explica esta situação?
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PS – Em tradução simultânea, Lula está juridicamente liquidado, embora ainda esteja eleitoralmente fortalecido, conforme as pesquisas indicam. (C.N.)
24 de abril de 2017
Carlos Newton
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