Caciques petistas minimizaram os efeitos e a credibilidade da acusação do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O discurso adotado é que o empreiteiro não tem como comprovar a declaração de que o líder petista lhe pediu para destruir provas relacionadas a pagamento de caixa 2 ao partido e a fala ficaria no “dito pelo não dito”.
REUNIÃO EM CURITIBA – A possível delação do ex-ministro Antonio Palocci ainda é vista com mais preocupação no PT e classificada até com um “problema monumental” caso venha a se concretizar. Ao mesmo tempo, a legenda pretende manter a tática do enfrentamento e chegou até a marcar uma reunião de sua Executiva em Curitiba, no dia 3 de maio, dia do depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro no processo sobre o tríplex do Guarujá.
Um outro argumento dos petistas é que Lula, por ser alvo de denúncias há mais de dois anos, teria encontrado um discurso para responder às acusações e já teria sofrido quase todo o desgaste em decorrência da Lava-Jato.
PALAVRA DELE – “Todo delator tem que seduzir o juiz e o Ministério Público, então fala o que querem ouvir. Por isso, ele (Léo Pinheiro) fala em destruir prova porque é crime obstruir a Justiça. Agora, é só a palavra dele” – afirma o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP). Para o parlamentar, a fala de Léo Pinheiro deve ser vista com ressalva. “Qual a prova do crime? Como ele vai provar essa acusação?” – questiona o líder petista.
Já com relação ao depoimento de Palocci não há consenso dentro do partido. Zarattini acredita que o depoimento desta sexta-feira evidenciou que o ex-ministro quer fazer uma delação. “Pela fala dele, eu acho que é (claro)”.
Já o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos vice-presidentes da legenda, avalia que Palocci não indicou que pretende firmar um acordo de colaboração. “A compreensão de que ele está fraquejando é equivocada. Ele se mostrou altivo. Deixou claro que está disposto a discutir o funcionamento do sistema político”.
PROBLEMA MONUMENTAL – Na avaliação de um outro cacique, porém, a delação do ex-ministro seria um problema monumental para Lula e o PT e também para o sistema financeiro. “Ele quer negociar uma delação, então fala aquelas coisas para agradar: o senhor está fazendo um grande trabalho pelo país etc.”, comentou.
Passados nove dias da divulgação dos vídeos dos depoimentos de delação premiada dos executivos da Odebrehct, a avaliação entre os petistas é que o episódio foi mais danoso para os líderes do PSDB, como os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e José Serra (SP) e o governador Geraldo Alckmin, e para o governo do presidente Michel Temer do que para Lula.
“Antes da lista do Fachin, o PT já tinha pagado 80% do que tinha para pagar. O PSDB e o governo Temer saíram quase do zero. A divulgação complicou demais a vida dos outros e talvez piorou um pouco a do Lula” – avalia um cacique petista.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Na visão do PT, não há provas materiais contra Lula, apenas testemunhais. Ou seja, já não alegam inocência de Lula ou perseguição política, a defesa se resume à existência de provas materiais, que existem no caso do tríplex, que não foi comprado por Lula, mas era dele; no caso do sítio, que não era dele, mas lá não existem quartos nem pertences dos supostos donos, que serão condenados como cúmplices de lavagem de dinheiro, se não fizerem delação; e no caso da cobertura que Lula supostamente alugou, mas nunca houve pagamento ao locador, primo de seu amigo Bumlai. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Na visão do PT, não há provas materiais contra Lula, apenas testemunhais. Ou seja, já não alegam inocência de Lula ou perseguição política, a defesa se resume à existência de provas materiais, que existem no caso do tríplex, que não foi comprado por Lula, mas era dele; no caso do sítio, que não era dele, mas lá não existem quartos nem pertences dos supostos donos, que serão condenados como cúmplices de lavagem de dinheiro, se não fizerem delação; e no caso da cobertura que Lula supostamente alugou, mas nunca houve pagamento ao locador, primo de seu amigo Bumlai. (C.N.)
24 de abril de 2017
Sérgio Roxo
O Globo
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