“Brahma” é Lula, disse Léo Pinheiro, confirmando o codinome do ex-presidente
Julia Affonso, Ricardo Brandt e Fausto MacedoEstadão
O empreiteiro José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, da OAS, confirmou ao juiz federal Sérgio Moro que o codinome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era ‘Brahma’. Segundo o empresário, a alcunha era usada na comunicação entre os executivos para ‘não expor as figuras públicas’. Durante o interrogatório a que foi submetido nesta quinta-feira, 20, o empreiteiro foi questionado por Moro sobre uma mensagem que apontava a expressão ‘Brahma’.
“Essa expressão se referia ao ex-presidente Lula, por causa de uma propaganda que existia que a Brahma é a número 1”, afirmou.
Moro quis saber por que não usavam o nome de Lula. “Para não expor as figuras públicas e nós tínhamos como prática”, relatou.
MENSAGENS – A investigação da Lava Jato interceptou mensagens trocadas pelo executivo da OAS. Numa das conversas entre Léo Pinheiro e um executivo da empreiteira eles dizem que “Brahma poderia fazer uma palestra no dia 26/11” sobre o tema Brasil/Chile. Na mesma data, a agenda de Lula marcava um evento em Santiago, no Chile.
Léo Pinheiro foi interrogado em ação penal sobre supostas propinas a Lula. A denúncia do Ministério Público Federal, no Paraná, sustenta que o petista recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio – de um valor de R$ 87 milhões de corrupção – da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012.
As acusações contra Lula são relativas ao recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira OAS por meio de um triplex no Guarujá, no litoral de São Paulo, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, de 2011 a 2016.
DEFESA DE LULA – O advogado Cristiano Zanin Martins, um dos defensores de Lula, distribuiu uma nota à imprensa, para contestar o depoimento do empresário.
“Léo Pinheiro no lugar de se defender em seu interrogatório, hoje, na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, contou uma versão acordada com o MPF como pressuposto para aceitação de uma delação premiada que poderá tirá-lo da prisão. Ele foi claramente incumbido de criar uma narrativa que sustentasse ser Lula o proprietário do chamado triplex do Guarujá. É a palavra dele contra o depoimento de 73 testemunhas, inclusive funcionários da OAS, negando ser Lula o dono do imóvel”, diz o advogado.
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