O Comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, nas comemorações pela passagem do dia do Exército, afirmou que o Brasil passa por incontáveis escândalos de corrupção, além de enfrentar aguda crise moral. A matéria assinada por Eduardo Barreto está publicada na edição de O Globo de quinta-feira.
O presidente Michel Temer participou da comemoração, na qual, ao condecorar Sérgio Moro o general Villas Bôas deixou claro que se trata de quem contribuiu muito para a vida nacional.
A solenidade foi no Quartel General do Exército em Brasília, com a ausência de ministros do governo. O que pode representar um meio de evitar situações incômodas já que oito ministros são investigados com base na delação e nos delatores da Odebrecht. O relator da Operação Lava – Jato no STF, ministro Edson Fachin esteve presente. O presidente Michel Temer e o juíz Sérgio Moro trocaram cumprimentos formais.
MOMENTO GRAVE – A aguda crise moral expressa em incontáveis escândalos de corrupção compromete o futuro do país e prejudica o interesse nacional. Esse momento tão grave não pode servir a disputas paralisantes e não há atalhos fora da Constituição, disse o comandante do Exército. A matéria também foi publicada pela Folha de São Paulo.
O pronunciamento do general Eduardo Vilas Boas representa um forte apoio à Operação Lava-Jato e às suas consequências. Desta vez foi um pronunciamento em nome do Exército, fato que enfraquece ainda mais as resistências que às vezes surgem tentando abafar os inquéritos. O governo, assim, passa a verificar uma cada vez mais densa atmosfera de inconformismo com os escândalos comprovados.
BENFEITORES? – Inclusive, o comportamento dos delatores da Odebrecht é espantoso. Falam como se fossem benfeitores da administração pública, quando na realidade estavam praticando a outra face do crime de corrupção. Em vários momentos consideraram normal o esquema de propina para conquistar contratos e superfaturar obras públicas. Sim, por que concretamente eles não doaram recursos da empresa, mas, ao contrário, transformaram-se em peças de sucção do dinheiro público como os superfaturamentos comprovam.
Eis um exemplo: a reforma do Maracanã, orçada em 800 milhões, acabou saindo por nada menos que 1 bilhão e 200 milhões de reais.
Agora, além dos delatores da Odebrecht, os inquéritos vão contar com as delações da OAS e da Andrade Gutierrez. O processo parece não ter fim. Como disse o poeta, trata-se de um poço sem fundo, aberto no patrimônio moral brasileiro.
24 de abril ded 2017
Pedro do Coutto
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