"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

ENTRE O ACORDO D'AVILA E A RENÚNCIA DE BLEY - OS CHEFES


 
Meus caros e decepcionados colegas de profissão, hoje quero dirigir algumas palavras àqueles inúmeros esquecidos e grandes responsáveis pelo dia-a-dia do funcionamento desse dinossauro chamado Sistema Único de Saúde (SUS). Refiro-me aqui a essas pequenas ratazanas... seres não tão decentes o suficiente para serem chamados de “médicos”, nem tão corruptos o necessário para entrarem de vez na política. 
Eu aqui escrevo para essa legião de gestores, secretários da saúde e médicos-chefes em cargo de comissão... Eu aponto nessas linhas todas as “gerências”, “núcleos”, “coordenações” e “assessorias” e invoco a presença daqueles espíritos medíocres, daquelas almas menores que, sempre chegando atrasadas ou saindo antes, habitam os hospitais, postos, ambulatórios e pronto-atendimentos desse país: vocês hoje hão de ser meu alvo!
Conhecemos todos o seu relativismo de valores, suas frases chavão e seus raciocínios hipócritas. Não há um só de vocês que não administre suas unidades com lemas como “isso sempre foi assim” ou “eu não sabia de nada”. Pressionados por algum colega a tomar decisões nas reuniões de serviço argumentam que o “importante é ficar bom para todo mundo”.. Pois bem, digo eu: vocês, seus desgraçados, são a verdadeira miséria da nossa profissão! Vocês são filiados ao PIP (Partido do Interesse Próprio) e não tem qualquer escrúpulo quando se colocam perante vocês os dilemas entre a honra de um colega e a “função gratificada” no seu contracheque.
São vocês, seus parasitas, que levaram – com seu egoísmo e indiferença – a medicina brasileira ao ponto que chegou. D'Avila não é causa, mas sim consequência da passividade da nossa classe. Em cada secretário da saúde, em cada chefe de serviço há um presidente do CFM pois cada um de vocês – digo eu – não guarda um mínimo de decência nem respeito pela profissão ao aceitar intermediar a relação de trabalho de seus colegas com o governo mais podre de toda história brasileira.
Entre o acordo de D'Avila e a renúncia de Bley, está essa zona de penumbra. Esse mundo de relativismo e de ânsia por parecer democrático...onde o reino da ralé, o paraíso dos medíocres acolhe de portas abertas a todos vocês..
Nenhuma receita estrangeira com superdosagem, nenhuma medida provisória ou demissão injusta de colega os comove... Suas viagens para Miami estão programadas...seus apartamentos, novos e comprados na planta, estão para ser mobiliados, seus casamentos já terminaram e novas “paixões” já surgiram...há um novo carro na concessionária para fazer o “test drive”, não há? Tudo isso, toda essa indiferença nada mais é do que o egoísmo dos canalhas, a ambição dos astutos e a estratégia dos covardes.
Jamais, em momento algum, eu vou lhes dar paz! Não permitirei a hipocrisia de acusar os bandidos petistas como autores da ideia do “mais médicos” sem a colaboração de vocês. Conheço vocês desde os anos de faculdade! A mim não irão enganar!
Cada vez que um de vocês ouvir falar do “acordo de D'Avila” ou da “renúncia de Bley” saibam que não são capazes da covardia do primeiro nem da coragem do segundo. Vocês são criaturas intermediárias que habitam esse mundo das sombras onde não há coragem para sair à luz nem para viver eternamente na escuridão. Vocês, seus infelizes, são os chefes...
Deus me livre de chamá-los de colegas !
 
17 de outubro de 2013
Milton Simon Pires é Médico.

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