"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

É A META MAIS OU MENOS...


A presidente Dilma voltou a garantir nesta segunda-feira que, pelo décimo ano consecutivo, a inflação brasileira ficará dentro da meta.

Não é bem assim. 
Por decisão do próprio governo, deste e do anterior, a meta de inflação pelo 8.º ano seguido é 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos porcentuais, tanto para cima como para baixo.
Essa margem de tolerância só existe porque a meta de inflação no Brasil se atém ao ano-calendário, que termina no dia 31 de dezembro. Outros bancos centrais trabalham com meta permanente de inflação medida em 12 meses (meta móvel), como é o caso do Federal Reserve (Fed, dos Estados Unidos), do Banco Central Europeu e do Banco da Inglaterra.

(...)Na verdade, o governo foi surpreendido não só pela inflação alta demais, mas também pelo baixo desempenho da atividade produtiva. Em 2011, entendeu que poderia derrubar os juros básicos (Selic) para 2% reais (descontada a inflação) para tirar proveito da conjuntura global de estabilidade de preços e, simultaneamente, levar o governo a gastar mais, de modo a empurrar o crescimento. Deu errado. Não só a inflação continuou lá em cima, como o governo não conseguiu catapultar o avanço econômico.

Como o resto da administração pública não ajuda e segue gastando demais, o Banco Central ficou sozinho na tarefa de controlar a inflação. A contragosto, desde abril, passou a puxar pelos juros. Com isso, enterrou o velho ponto de vista heterodoxo de que os juros são mais altos no Brasil só para satisfazer a gulodice argentária dos bancos e dos rentistas, aqueles que vivem de aplicações financeiras. 
Um dos argumentos recorrentes entre empresários e, mesmo entre economistas, é o de que não faz sentido manter uma Selic de 3% ou 4% ao ano acima da inflação se, na maioria dos países comparáveis com o Brasil, os juros são substancialmente mais baixos.

Sempre que o Banco Central se atreve a forçar a redução dos juros para abaixo dos níveis historicamente “normais”, a inflação volta a mostrar desenvoltura. É o imposto que a economia cobra para conviver com os problemas do Brasil: infraestrutura precária e cara demais; excessiva carga tributária; cultura dos reajustes automáticos (indexação) para quase tudo; leis trabalhistas anacrônicas; insegurança jurídica; burocracia demais… E por aí vai.

Para compensar esse fardo de custos, um orçamento mais frouxo do que apertado, como é hoje, é lenha na fogueira: mais despesas públicas criam renda e mais consumo. Quando esse consumo ultrapassa a oferta de bens e serviços, os preços disparam. Por isso, para o controle da inflação, é preciso também forte redução da ração de dinheiro na economia, fato que aumenta seu preço (os juros). É do que se encarrega o Banco Central.

Assim, quando alardeia que executa “uma política de compromisso com a robustez econômica”, a presidente Dilma mais quer enrolar do que ser fiel aos fatos. Por meta de inflação, qualquer um entenda como quiser.

CONFIRA:

Segurar ou não segurar?
 A informação que correu ontem no mercado financeiro foi de que o Banco Central não está mais disposto a deixar que o preço da moeda estrangeira continue deslizando. Para isso, estaria decidido a renovar menos contratos de recompra futura de dólares. Ou seja, o Banco Central parece dar a entender que gostaria que as cotações voltassem ao patamar de R$ 2,20 por dólar. Nesta segunda-feira fecharam a R$ 2,1750.

Sacudidas.
 O mercado de câmbio segue sujeito a volatilidades. De um lado, há o cabo de guerra entre governo e Congresso dos Estados Unidos em torno do aumento do teto da dívida do Tesouro. Se sair um acordo, a tendência é de alta do dólar em relação às outras moedas, inclusive ao real.

Reversão. 
De outro lado, há a perspectiva de reversão da política monetária expansionista do Fed, que também elevará as cotações do dólar. Ou seja, pode ocorrer nova esticada do dólar em reais e, nesse caso, o Banco Central será novamente chamado a conter a alta.

Coluna do Ming
17 de outubro de 2013

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