"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 25 de agosto de 2013

"O RISCO DA DEMOCRACIA É QUE ELA SE SUICIDE".

 

DaMatta e1377189276244 “O risco da democracia é que <BR> ela se suicide”
Roberto DaMatta

A ocupação do plenário da Câmara dos Deputados na última terça-feira, 20 de agosto, e a tentativa de invasão do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, no dia 13 de agosto, têm um ponto em comum.
Os dois episódios reforçaram o questionamento sobre os limites das manifestações.

Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Roberto DaMatta aprova que a população se mobilize para garantir o cumprimento de seus direitos. No entanto, argumenta que é preciso reconhecer os limites para a ação dos manifestantes. DaMatta estabelece um paralelo: ser contra a Igreja não justifica a depredação de templos e imagens católicas.

Segundo o professor e especialista do Instituto Millenium, o que está em jogo não é o direito à crítica, e sim a forma de criticar. “É legítimo protestar contra o parlamento e denunciá-lo, mas invadi-lo e destruí-lo é inadmissível”, pondera.

A falta de questionamento desses atos pela sociedade é preocupante, na concepção de DaMatta. A máxima de que os fins justificam os meios não deve se aplicar a esses casos. “O risco da democracia, como disse Alexis de Tocqueville [historiador e escritor francês], é que ela se suicide”, opina.

O antropólogo diz ainda que a greve não é a melhor opção de protesto para determinadas categorias profissionais, como os professores e os médicos, cuja paralisação prejudica uma parcela da sociedade que já sofre com a má qualidade desses serviços. “Sou professor e não concordo com a greve. Protestaria por uma série de razões, como os salários baixos e as condições de trabalho, mas jamais faria greve”, afirma DaMatta.

A crise de autoridade

As manifestações populares evidenciam a falta de credibilidade dos políticos, que DaMatta define como os atores escalados para desempenhar o papel de autoridade na política nacional. “A ausência de uma maior responsabilidade relativa aos cargos públicos e às suas obrigações para com a sociedade é uma das principais causas da insatisfação dos manifestantes”, enfatiza.
O antropólogo observa que as novas tecnologias contribuem para que a sociedade passe a exigir maior transparência por parte do governo. “Atualmente, é muito difícil manter essa falta de transparência  instaurada no Brasil e tentar protelar decisões no julgamento do mensalão e as intervenções na economia. Não se pode governar pensando exclusivamente na manutenção do poder”, conclui.

25 de agosto de 2013
Comunicação Millenium

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