"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 25 de agosto de 2013

SÍNDROME DA CHINA


Síndrome da China é um filme americano de 1979. Trata basicamente da história de um acidente em uma usina nuclear. Qual a relação com o artigo? Nenhuma!  Do filme, só escolhi o título; o resto não tem “nada a ver”. 

No final explico o porquê. A questão é a seguinte – uma coisa começou a me incomodar; não dei importância. Continuou a me incomodar; fui ficando irritado... Persiste incomodando;  agora a irritação virou preocupação legítima. O tema aqui é o seguinte: o nascimento de uma eventual oposição no Brasil através das redes sociais na internet.

Sobre a oposição ao PT no país, começo dizendo o seguinte – Não existe oposição ao PT no Brasil! Já escrevi isso “milhares de vezes”!

“Bom, Milton, então qual a razão do artigo?” A razão do texto  é atrever-se a dizer que ela, a oposição, está nascendo. Acalmem-se e não fiquem histéricos... Deixem eu explicar por que. Ocorre o seguinte: quando afirmo que não existe oposição no país, quero dizer que não existe oposição política aos petralhas, mas não afirmo que não exista um processo, esse sim de oposição, surgindo dentro de um segmento social muito específico – uma certa parte da classe média brasileira.

Esse segmento vem modificando a sua maneira de pensar. Essa parte da sociedade é, muito mais do que a classe operária e a acadêmica,  geradora de mudanças profundas. Marilena Chauí sabe perfeitamente do que estou falando. Daí seu ódio à classe média brasileira – prova incontestável do seu papel na futura Contrarrevolução Cultural que há de fazer frente ao PT.

Quem lê esse artigo, compra livros do Olavo de Carvalho, lê o blog do Reinaldo Azevedo e do Jorge Serrão, reflete sobre o que diz Graça Salgueiro, estuda Heitor de Paula e (como eu) é fã do Lobão! Desgraçadamente, não encontramos no país um só partido capaz de fazer eco com aquilo que pensamos. Somos pessoas que detestam o PT, mas não conseguimos ver (com toda razão) “oposição” alguma no PSDB, DEM, e por aí vai..

Acontece, meus amigos, que nós estamos começando a nos comunicar. Frequentamos os mesmos cursos, compramos e lemos os mesmos livros, assistimos os mesmos filmes e, por último, mas  não menos importante – estamos todos nas benditas (serão mesmo?) redes sociais.

“Tá e daí, Milton?” Daí o seguinte, pessoal: tenho observado algo (a tal coisa lá do início do artigo) que tem me deixado preocupado: começamos a competir entre nós mesmos para ver quem é mais de  “direita”. Queremos saber quem é mais “conservador”. Duvidamos que existam outros mais “anti-petralhas” do que nós! Começamos a brigar nesses grupos de Facebook e iniciam-se as expulsões, as caças às bruxas, a noção de que existem “agentes petistas” entre nós..e por aí vai..

Meus amigos, deixem-me esclarecer algo: eu mesmo tenho um grupo no Facebook que administro. Não é o objetivo do artigo fazer propaganda dele aqui. Sei perfeitamente que o PT montou uma “patrulha virtual” para dar combate a quem lhe faz oposição. Afirmo inclusive, correndo o risco de despertar gargalhada ou piedade, que alguns grupos de médicos são criados e coordenados por essas pessoas para servir de “oposição permitida” e manter o Partido informado sobre o que se discute, mas gostaria de dizer o seguinte: por favor não se enganem.

Não imaginem uma “Primavera Brasileira” através do Twitter ou de qualquer outra rede social. Sem ser cientista político ou profeta, eu afirmo a vocês – isso não vai acontecer no Brasil. As revoluções do Oriente Médio não mudaram a cultura daquela parte do mundo através da internet. A internet foi usada para mostrar -  lá - que a cultura havia mudado! Em relação aos distúrbios de junho aqui no nosso país, eu já disse quem os planejou. Olavo de Carvalho definiu muito melhor do que eu quais os seus objetivos. A internet não criou Black Blocks; Black Blocks apenas usaram a internet. Só isso..

Em 1966, durante a Revolução Cultural Chinesa, aquele país foi varrido pela violência dos Guardas Vermelhos. Adolescentes enlouquecidos disputavam entre si o privilégio de apresentarem-se, cada um, mais revolucionário do que o outro. O caos que tomou conta da China  foi tão grande que o próprio Mao Tse Tung viu-se obrigado a convocar o Exercito Vermelho para contê-lo. Menciono aqui esse fato histórico para fazer o seguinte apelo - não vamos permitir, nesse momento, que algo semelhante ocorra com a parte da classe média brasileira que quer ver o PT fora do poder.

Não podemos nos iludir pensando que tramamos no Facebook a queda do governo brasileiro. Redes sociais, acreditem em mim, não fazem isso! Não é, ainda, a hora da conspiração..é simplesmente o momento do encontro daqueles que pensam as mesmas coisas.

Tudo o que se discute... tudo o que se escreve online hoje é, sim, fundamental e – podem ter certeza -  vai ajudar a tirar o PT do poder; mas vai levar muito... muito tempo para dar resultado.

Não gostaria que esse texto passasse uma mensagem desanimadora. Se eu acreditasse na ideia de que não é possível opor-se a essa tirania eu não escreveria mais nada. Não participaria de grupos de Facebook e não me preocuparia em pensar na oposição.

A oposição, meus amigos, ainda não existe, mas peço novamente para acreditarem em mim – ela vai surgir. Vai aparecer quando um determinado partido político resolver dar voz a gigantesca maioria de brasileiros contra o casamento gay, contra liberação das drogas ou do aborto, das cotas nas universidades... Enfim, quando milhões de pessoas exigirem representação política de uma unidade cultural que não temos.

Nesse meio tempo, nessa etapa de transição, temos que ter todo cuidado para não fazermos entre nós aquilo que o PT mais quer (e sabe fazer) – brigarmos entre si! Ou lembramos disso, ou – com ou sem vazamento nuclear – vamos ter nas redes sociais um grau de violência entre os grupos que se opõem ao PT muito semelhante ao que aconteceu na Revolução Cultural.

Vai ser um novo tipo de Síndrome da China...

25 de agosto de 2013 Milton Simon Pires é Médico.

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