Após declarar que investigações da Polícia Federal não encontraram provas de irregularidades envolvendo o presidente Michel Temer (PMDB) no inquérito que investiga o Decreto dos Portos, o diretor-geral da corporação, Fernando Segovia, afirmou em mensagem enviada a colegas no WhatsApp, nesta sábado, 10, que ’em momento algum’ falou que a apuração seria arquivada. As declarações de Segovia, em entrevista à Reuters, sugeriam que a tendência da Polícia Federal era recomendar o arquivamento do inquérito.
À agência Reuters, o diretor da PF afirmou ainda que pode abrir investigação interna para apurar a conduta do delegado Cleyber Malta Lopes. O motivo seriam os questionamentos enviados a Temer no caso. Na ocasião, a defesa do presidente disse que as perguntas colocavam em dúvida a “honorabilidade e a dignidade pessoal” do presidente.
VOLTANDO ATRÁS – Na manhã deste sábado, 10, 0 diretor-geral da PF enviou mensagens a colegas do Sindicato de Delegados da Polícia Federal do Distrito Federal.
“Em momento algum falei que a investigação vai ser arquivada. Falei que o delegado Cleyber tem total independência na condução das investigações. Disse que ele está fazendo uma cabal apuração de todos os fatos. Infelizmente, dei uma opinião pessoal no final da entrevista. Se pareceu que havia uma intervenção, foi por causa do repórter que deu a interpretação que quis ao conjunto da entrevista”, afirmou na primeira mensagem enviada às 8h45.
OUTRA MENSAGEM – Fernando Segovia avisou a seus pares, em uma segunda mensagem, às 9h10, que vai ‘publicar uma nota de esclarecimento a imprensa, onde será reafirmada a independência e o respeito ao DPF. Cleyber, o qual pode reafirmar que jamais houve ou haverá interveniência da DG (Diretoria-Geral) em qualquer investigação na PF’.
Na entrevista, o diretor da PF afirmou que não há indícios de que a Rodrimar tenha sido beneficiada pelo decreto, editado em 2017. A PF apura se a medida que ampliou para 35 anos as concessões do setor e favoreceu a empresa. Além de Temer, são investigados o ex-assessor da Presidência Rodrigo Rocha Loures, o presidente da Rodrimar, Antônio Grecco, e o diretor da empresa Ricardo Mesquita.
CONCLUSÃO APRESSADA- “No final a gente pode até concluir que não houve crime. Porque ali, em tese, o que a gente tem visto, nos depoimentos as pessoas têm reiteradamente confirmado que não houve nenhum tipo de corrupção, não há indícios de qualquer tipo de recurso ou dinheiro envolvidos. Há muitas conversas e poucas afirmações que levem realmente a que haja um crime”, disse Segovia à Reuters.
As declarações do diretor-geral da PF provocaram reação imediata de delegados que participam de investigações de inquéritos especiais, envolvendo autoridades com foro. A Coluna do Estadão teve acesso a uma mensagem enviada em grupo de WhatsApp de delegados na qual dizem que ‘ninguém da investigação foi consultado ou referenda essa manifestação’.
11 de fevereiro de 2018
Julia Affonso
Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário