"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

COM APOIO DA PROCURADORIA, JUIZ BRETAS LIBEROU CAVENDISH DA PRISÃO DOMICILIAR


Bretas considerou que Cavendish vem colaborando
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, revogou nesta quinta-feira, dia 8, a prisão domiciliar do empresário Fernando Cavendish. O Ministério Público Federal (MPF) já havia se manifestado a favor da liberação do empreiteiro. Para pedir o fim da prisão domiciliar, a defesa alegou que Cavendish vinha “adotando postura amplamente colaborativa, reafirmando o desejo pela regular conclusão do processo-crime”.
Na decisão, o juiz salienta que, em seu interrogatório, o réu confessou a prática das atividades ilícitas descritas na denúncia. “Desta forma, é de se notar que o requerente vem adotando comportamentos que demonstram a intenção em contribuir com a investigação criminal. Assim, a revogação da medida cautelar de recolhimento domiciliar não se torna mais necessária, pois a sua liberdade não mais põe em risco o regular andamento do processo”, disse Bretas em sua decisão.
PROPINA – Em depoimento a Bretas em agosto do ano passado, o ex-presidente da Delta Construções afirmou que o ex-governador Sérgio Cabral solicitou propina para que a empreiteira pudesse participar do consórcio que faria a reforma no estádio do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014.
“Fui a ele perguntar se minha empresa poderia participar da obra do Maracanã, que vinha sendo conduzida pela Odebrecht. Nesse momento, o então governador entendeu meu pedido e disse claramente que tinha acerto de 5% de pagamento de propina”, contou Cavendish, dizendo que informou a uma pessoa de sua confiança que ela seria procurada por Carlos Miranda, apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como operador do ex-governador, que informaria o valor a ser pago.
Cavendish responde a dois processos junto à 7ª Vara Federal Criminal do Rio, um sobre a Operação Saqueador e outro com Cabral, sobre fraudes nas licitações para a reforma do estádio do Maracanã para a Copa de 2014 e para as obras de urbanização do programa PAC-Favelas, além do superfaturamento e da formação de cartel para obras públicas estaduais financiadas pela União.
OPERAÇÃO SAQUEADOR – Fernando Cavendish foi preso em junho de 2016 na Operação Saqueador. Além dele, o bicheiro Carlos Augusto Ramos — o Carlinhos Cachoeira — e o empresário Adir Assad também estavam entre os alvos. A investigação constatou que os envolvidos, “associados em quadrilha”, usaram empresas fantasmas para transferir cerca de R$ 370 milhões, obtidos pela Delta direta ou indiretamente, por meio de crimes praticados contra a administração pública, para o pagamento de propina a agentes públicos.
Também foram alvo da operação Cláudio Dias Abreu, que já foi diretor regional da Delta no Centro-Oeste e Distrito Federal, e Marcelo José Abbud, que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), é dono de empresas de fachada usadas no esquema de lavagem. De acordo com investigação do MPF, 96,3% do faturamento da Delta entre os anos de 2007 a 2012 era oriundo de verbas públicas, totalizando um montante de quase R$ 11 bilhões. Os procuradores afirmaram que mais de R$ 370 milhões foram lavados por meio de 18 empresas de fachada.
Os responsáveis pela criação dessas empresas foram Cachoeira, Assad e Abbud. Por meio de contratos fictícios, as empresas fantasmas lavavam os recursos públicos. Os recursos eram sacados em espécie para o pagamento de propina a agentes públicos para impedir o rastreamento das verbas. A investigação apontou que os pagamentos feitos pela Delta às empresas de fachada tiveram aumentos significativos em anos de eleições.

11 de fevereiro de 2018
Juliana Castro
O Globo

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