Melhora não se reflete por inteiro no crédito a empresas e consumidores
Numa decisão esperada, o Banco Central reduziu sua taxa, a Selic, de 7% para 6,75% ao ano, o menor patamar de uma história de juros nacionais exorbitantes.
Salvo surpresas positivas, como a aprovação da reforma da Previdência Social nas próximas semanas, o mais provável é que se interrompa por algum tempo o longo ciclo de queda da Selic, iniciado em outubro de 2016.
Está em jogo agora por quanto tempo os juros permanecerão em níveis mais civilizados —e em que medida o abrandamento monetário chegará ao crédito concedido a consumidores e empresas.
Quanto ao primeiro ponto, tudo dependerá da inflação. A situação atual se mostra favorável: o IPCA de janeiro, de 0,29%, foi historicamente baixo para o mês. Em 12 meses, a alta acumulada dos preços não passa de 2,86%, bastante abaixo da meta oficial de 4,5%.
Com a expectativa de uma boa safra agrícola, repetindo o resultado do ano passado, e o desemprego ainda elevado, não se vê maior risco de repique neste ano. As projeções de analistas rondam os 3,9%.
Mesmo nesse quadro aparentemente tranquilo, o BC faz bem em indicar certa prudência no momento. Restam incertezas de ordem política, que vão do andamento da agenda de ajustes orçamentários às eleições presidenciais.
Tendo em vista, ademais, que a retomada econômica dá sinais mais alentadores e que a meta de inflação será cadente nos próximos anos —para 4,25% em 2019 e 4% em 2020, respectivamente—, convém aguardar o efeito dos cortes já promovidos nos juros antes de tomar novas decisões.
Há muito a fazer, enquanto isso, para reduzir o custo do dinheiro para o setor privado. As taxas ainda são abusivas e controladas por poucos bancos. Reformas institucionais que aumentem a competição, como o cadastro positivo, devem ser aceleradas.
O principal desafio, porém, será manter juros reais (descontada a inflação) inferiores a 3% de forma perene, o que depende de progressos em várias áreas, sobretudo na recuperação da saúde orçamentária do Estado, que mal se iniciou.
11 de fevereiro de 2018
Editorial Folha de SP
Numa decisão esperada, o Banco Central reduziu sua taxa, a Selic, de 7% para 6,75% ao ano, o menor patamar de uma história de juros nacionais exorbitantes.
Salvo surpresas positivas, como a aprovação da reforma da Previdência Social nas próximas semanas, o mais provável é que se interrompa por algum tempo o longo ciclo de queda da Selic, iniciado em outubro de 2016.
Está em jogo agora por quanto tempo os juros permanecerão em níveis mais civilizados —e em que medida o abrandamento monetário chegará ao crédito concedido a consumidores e empresas.
Quanto ao primeiro ponto, tudo dependerá da inflação. A situação atual se mostra favorável: o IPCA de janeiro, de 0,29%, foi historicamente baixo para o mês. Em 12 meses, a alta acumulada dos preços não passa de 2,86%, bastante abaixo da meta oficial de 4,5%.
Com a expectativa de uma boa safra agrícola, repetindo o resultado do ano passado, e o desemprego ainda elevado, não se vê maior risco de repique neste ano. As projeções de analistas rondam os 3,9%.
Mesmo nesse quadro aparentemente tranquilo, o BC faz bem em indicar certa prudência no momento. Restam incertezas de ordem política, que vão do andamento da agenda de ajustes orçamentários às eleições presidenciais.
Tendo em vista, ademais, que a retomada econômica dá sinais mais alentadores e que a meta de inflação será cadente nos próximos anos —para 4,25% em 2019 e 4% em 2020, respectivamente—, convém aguardar o efeito dos cortes já promovidos nos juros antes de tomar novas decisões.
Há muito a fazer, enquanto isso, para reduzir o custo do dinheiro para o setor privado. As taxas ainda são abusivas e controladas por poucos bancos. Reformas institucionais que aumentem a competição, como o cadastro positivo, devem ser aceleradas.
O principal desafio, porém, será manter juros reais (descontada a inflação) inferiores a 3% de forma perene, o que depende de progressos em várias áreas, sobretudo na recuperação da saúde orçamentária do Estado, que mal se iniciou.
11 de fevereiro de 2018
Editorial Folha de SP
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