"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

TEMER COMEÇA DE FORMA DECEPCIONANTE E SÓ VAI CORTAR NO MÁXIMO TRÊS MINISTÉRIOS






Para garantir o apoio do Congresso, Temer se enrolou todo


















Quando iniciou a montagem do que pode vir a ser o seu governo, o vice-presidente Michel Temer imaginava ter como primeiro cartão de visitas o número de ministérios — ou mais precisamente, sua redução. A ideia era cortar as atuais 31 pastas, consideradas excessivas, para algo em torno de 20. 

Na noite de terça-feira, ao fim de uma jornada que começara às sete da manhã, Temer admitia, resignado:
— Não sei se terei condições de diminuir. Veja o Ministério da Cultura. Minha ideia era fundi-lo com a Educação, mas o pessoal do setor reclamou muito. Acho que cortarei no máximo uns três ministérios.
As pressões dobraram Michel Temer neste quesito, mas o vice-presidente garante que, na Petrobras, isso não acontecerá. 
Tem repetido, inclusive aos aliados, que o futuro presidente da estatal será escolhido por ele, sem indicações de partidos.
No entanto, não anunciará o nome do sucessor de Aldemir Bendine imediatamente. Acha que isso criaria turbulências desnecessárias. Promete que o nome será conhecido um mês depois da votação do impeachment no Senado.
REUNIÕES SEGUIDAS
As jornadas de trabalho de Temer têm sido de 18 horas diárias desde a semana passada, quando a formação do seu possível governo ganhou urgência. 
Na terça-feira, por exemplo, no final do dia, sua antessala na Vice-Presidência reunia os presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do PSD, Gilberto Kassab, além de governadores, senadores e deputados.
Um Temer de olhos avermelhados (dormiu às três da madrugada de segunda-feira para terça-feira) os recebia em seu gabinete tendo, à sua esquerda, o quadro com foto oficial de Dilma Rousseff, e, pousadas na mesa de reunião, à sua frente, um exemplar da Bíblia e outro da Constituição. 
Perto dos dois livros, um estudo intitulado “Cenários fiscais”.
A uma semana de provavelmente assumir a Presidência da República, Temer ainda faz questão de enfatizar que não está falando formalmente sobre o que seria o seu futuro governo. Sem pronunciar o nome da presidente Dilma Rousseff, aponta para o Palácio do Planalto:
— Ela diz que eu sou golpista. Mas falar antes da hora seria desrespeitar o Senado.
TAMANHO DO MINISTÉRIO
“Não sei se terei condições de diminuir o número de ministérios. Veja o Ministério da Cultura. Minha ideia era fundi-lo com a Educação, mas o pessoal do setor reclamou muito. Acho que cortarei no máximo uns três ministérios. Queria juntar o Desenvolvimento Agrário com a Agricultura, mas os setores não se conformaram. Pretendia também pôr dentro da Justiça o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, mas não será possível’’.
PETROBRAS, BANCO DO BRASIL E BC
“O novo presidente da Petrobras será um executivo provado no mercado, reconhecido por todos. Não será indicado por partidos. Já tenho dois nomes na cabeça. Mas não serão anunciados junto com o ministério. Não é preciso rupturas. Dentro de um mês, ou um pouco mais, o nome vai se tornar público. Com o Banco do Brasil, é a mesma coisa. Não haverá indicações de partidos, e o escolhido será anunciado dentro de um mês. Quanto ao Banco Central, o (Henrique) Meirelles escolherá o sucessor do (Alexandre) Tombini. Mas, da mesma forma, sem ser no primeiro momento”.
EDUARDO CUNHA
Temer não pretende entrar no debate sobre o afastamento ou a cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu na Operação Lava-Jato, “nem para ajudar nem para atrapalhar’’. 
Segundo o vice-presidente, Cunha é ‘‘assunto do Judiciário e do Conselho de Ética’’ e não caberia, a ele, como presidente da República, interferir no futuro do presidente da Câmara. “Não cabe a mim, por demagogia, atacá-lo’’, disse Temer. ‘‘É um assunto que simplesmente não vou entrar. Cada poder tem que desempenhar os papéis de seu poder’’, afirmou.
INVESTIGADOS NO GOVERNO
Escolher ministros investigados ou citados na Lava-Jato não seria uma péssima apresentação para um governo que pretende mostrar que o país vai mudar? 
Temer diz não ter nenhum tipo de constrangimento de ter pessoas nessas condições em seu futuro governo. 
O vice-presidente teceu elogios ao senador Romero Jucá (PMDB-RR), cotado para o Ministério do Planejamento e alvo de inquéritos nas operações Lava-Jato e Zelotes. “O Jucá entende muito de economia e de orçamento, é um excelente quadro. Se eu for esperar ele ser inocentado, o governo termina’’.
FREIRE NA CULTURA
Michel Temer convidou e o deputado Roberto Freire (PPS-SP) aceitou assumir o Ministério da Cultura. Temer desistiu de fundir as pastas da Cultura e da Educação após a pressão de artistas e de ativistas culturais. 
“O Freire é um nome conhecido’’, diz. Segundo o vice-presidente, a economia decorrente de uma eventual fusão seria muito pequena frente ao revés político que ela traria ao futuro governo.
PRESSÃO DE ALIADOS
Temer reclamou da pressão de integrantes da base aliada. Quase com uma ponta de orgulho, lembrou que, agora, a base será bem maior — seu governo deverá ser apoiado por todos os partidos do Congresso, à exceção de PT, PCdoB, PSOL e Rede. “É impossível agradar a todos”, disse.
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NOTA DA REDAÇÃO DO GLOBO – 

Como se vê, Temer está começando seu projeto de governo de forma decepcionante. 

O que a sociedade quer ver é uma gestão que saiba economizar gastos públicos, que diminua a máquina administrativa, demonstre solidariedade com população atingida pela crise, corte gastos supérfluos, como uso de jatinhos e cartões corporativos, diminua a dívida pública e dê exemplo de austeridade. 

Mas o que se vê é justamente o contrário – um governo fraco antes mesmo de assumir, que se curva ao fisiologismo do Congresso. É desanimador. (C.N.)
05 de maio de 2016
Lauro Jardim e Guilherme AmadoO Globo
http://lorotaspoliticaseverdades.blogspot.com/2016/05/temer-comeca-de-forma-decepcionante-e.html


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