Estamos tão metidos no dia a dia das falcatruas, mentiras e politicagens que acabamos perdendo a perspectiva de quanto o país vem se degradando assustadoramente na atual crise política e econômica. |
Fora do Brasil, os jornais vêm estampando neste momento, e com bastante destaque, fotos e textos contando sobre a nossa novela terceiro mundista e seus dois personagens principais, Dilma e Eduardo Cunha.
Corrupção e violação de leis existem em toda parte, no mundo inteiro. Mas uma avaliação de fora, algumas vezes beirando o jocoso, faz acordar para o fato de o Brasil estar se superando no tratamento seguinte à descoberta de malfeitos.
Com cadáveres políticos empurrando o país para uma cova cada vez mais funda.
ESPERANDO O QUÊ?
A realidade horrível para quem está dentro, sofrendo uma recessão de -3% do PIB, inflação de quase dois dígitos e forte desvalorização da moeda, é quase surreal para quem nos vê de fora. A pergunta parece ser: o que esses caras estão esperando?
Eduardo Cunha foi beneficiário de desvios do Petrolão e mentiu em uma CPI sobre ter dinheiro fora do país. Agora, comanda o processo que pode derrubar uma presidente que se diz “ilibada”. Mas que violou as contas públicas sob a justificativa de pagar, no ano da sua reeleição, benefícios sociais que contam muito eleitoralmente em um país tão pobre.
Pode-se considerar que a degradação atual seja um processo político normal dentro das regras mundiais da politicagem. Onde se agarrar ao poder é o que importa. Até que a coisa fique realmente insustentável e as nuvens mudem, derrubando uns e preservando outros.
NADA EM VISTA
Mas e o resto do país? Estamos em meados de outubro e não existe nenhuma solução aparente para nosso problema de fundo: não há dinheiro para fechar as contas, já estouradas. E as coisas não vão parar de piorar sem arrumar isso. Ponto.
A dívida pública vai continuar subindo, levando dólar, inflação e piora da grave recessão juntos? Com o resto do Congresso e oposição patrocinando o rumo à terra arrasada e a um empobrecimento geral?
A coisa caminha para isso. E ninguém parece se importar muito.
23 de outubro de 2015
Fernando Canzian
Folha
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