O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou seu rompimento político com o governo Dilma Rousseff: “Saiba que o presidente da Câmara a partir de hoje é oposição.”
Eduardo Cunha acusa o Planalto de ter articulado com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para incriminá-lo na Operação Lava Jato. Nesta quinta (16), o ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo relatou à Justiça Federal do Paraná que Cunha lhe pediu propina de US$ 5 milhões. “Estou sendo sendo alvo de perseguição política.”
O parlamentar disse que a delação de Camargo é “nula” por ter sido feita à Justiça de primeira instância e lembrou que, como parlamentar, tem foro privilegiado e só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Cunha disse que seus advogados vão pedir a transferência do processo de investigação para o STF. “O juiz não poderia conduzir o processo daquela maneira. Vamos entrar com uma reclamação para que venha [o processo] para o Supremo e não fique nas mãos de um juiz que acha que é dono do país”.
CONVENCER O PMDB
A partir de agora, o objetivo é convencer o PMDB a abandonar o governo e entregar os ministérios. “Sou acima de tudo um agente político, vou pregar no meu partido que a gente vá para a oposição”, disse o deputado.
O parlamentar não poupou críticas ao governo Dilma. “Tem um bando de aloprados no Palácio”, disse. Mas, questionado pelos repórteres, não citou nomes. “É muita gente, é um bando.”
Segundo Cunha, o governo tem “ódio” dele e age para constranger o Legislativo. “O governo nunca me quis e não me quer como presidente da Câmara. O governo não me engole, tem um ódio contra mim.
Apesar do tom, Cunha voltou a dizer que o rompimento com o governo Dilma é pessoal e não afeta a relação institucional dele, como presidente da Câmara, com o Executivo, mas foi logo avisando que a Casa não vai aprovar repatriação de recursos no exterior.
As declarações de Cunha foram feitas a poucas horas de pronunciamento em cadeia nacional de TV, previsto para 20h30 desta sexta e cujo conteúdo, diz ele, será a prestação de contas sobre o semestre da Câmara.
20 de julho de 2015
Por iG São Paulo
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