O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse nesta quinta-feira (16) que não se deixará ser “constrangido” e “fragilizado” pelo depoimento do empresário Júlio Camargo, da Toyo Setal. Em delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, o executivo afirmou que pagou US$ 5 milhões em propina para o parlamentar.
Questionado se poderia fazer uma acareação com Júlio Camargo para falar “olho no olho”, Cunha afirmou que “fala com quem quer que for”.
“Eu não tenho dificuldade nenhuma de rebater quem quer que seja. Ele está mentindo e o delator tem que provar sua mentira. O ônus da prova é de quem acusa”, disse.
O peemedebista afirmou ainda que não irá alterar a gravação já feita para o seu pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão que fará na noite desta sexta-feira (17).
“Não vou fazer isso porque eu estou me pronunciando como presidente da Câmara sobre as atividades da Câmara. Não estou me pronunciando para fazer alusão ou defesa de fatos pessoais. Na medida em que eu for exercer a rede nacional para falar de fatos pessoais, eu estou aqui, perante vocês. E aqui é o foro para eu poder me defender”, disse, a jornalistas.
EMPRESÁRIO DENUNCIA
O nome do parlamentar surgiu quando o delator respondia ao juiz Sergio Moro se ele vinha sendo pressionado a pagar propina por meio de Fernando Soares, o Fernando Baiano, tido como operador do PMDB no esquema. Camargo contou que procurou o operador para intermediar um encontro com Cunha por causa de requerimentos apresentados na Câmara dos Deputados contra ele, Camargo, e contra a empresa Mitsui.
Pelo relato de Camargo, o peemedebista cobrou o valor para si quando afirmou haver um débito “entre você [Camargo] e o Fernando Baiano”.
“Tivemos um encontro o deputado Eduardo Cunha, Fernando Soares e eu. Eu fui bastante apreensivo. O deputado Eduardo Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva, mas confesso que comigo foi extremamente amistoso dizendo que ele não tinha nada pessoal contra mim, mas que havia um débito meu com o Fernando do qual ele era merecedor de US$ 5 milhões”, relatou Camargo.
20 de julho de 2015
Deu na Folha
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