Diante dos mandados de busca e apreensão que colocaram em situação extremamente delicada dois caciques do PP – o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), e o líder da bancada, deputado Dudu da Fonte (PE) – integrantes da cúpula do partido ensaiam uma reação que pode deixar a presidente Dilma Rousseff numa saia justa.
Nos bastidores, dirigentes do PP fecharam um discurso de defesa da atual cúpula do partido que, na interpretação deles, pode expor uma contradição da versão apresentada por Dilma até agora, diante dos fatos da Operação Lava Jato.
Ao Blog, três dirigentes do partido apresentaram a versão de que a presidente sabia do esquema de corrupção na Petrobras. E, segundo eles, argumentava que era uma herança do governo Lula.
DILMA, ANTES E DEPOIS
A presidente sempre negou que tivesse conhecimento de episódios de corrupção na estatal. “Não tinha informação de malfeito, porque, se eu tivesse, teria tomado medida”, afirmou em setembro do ano passado. Em junho deste ano, disse que é “impossível” que se aponte ligação entre ela e o escândalo na Petrobras.
De acordo com esses dirigentes, Dilma chegou a falar isso com todas as letras para o então ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, logo depois que ele tomou posse, no início de 2012.
Segundo esse relato, na ocasião, a bancada do PP queria manter Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento da Petrobras. Mas, de acordo com os dirigentes do PP, Dilma reagiu: “Não vou manter o Paulo Roberto Costa. Ele está envolvido num esquema pesado na Petrobras. Ele está fora”, teria dito a presidente.
QUEDA DE PAULO ROBERTO
Paulo Roberto Costa caiu logo depois da conversa de Dilma com o ex-ministro Aguinaldo Ribeiro. “Essa coisa da Dilma dizer que não sabia de nada não se sustenta. Os fatos mostram que ela sabia do esquema. E que só depois de um bom tempo no governo é que fez as mudanças na Petrobras”, observou um dirigente do PP.
A atual cúpula do partido argumenta que assumiu o controle do PP no mesmo momento em que Paulo Roberto Costa caiu. Apesar desse argumento, os nomes que integram o atual comando do PP foram citados pelos delatores da Operação Lava Jato como beneficiários do esquema. Na primeira lista apresentada por Rodrigo Janot (PGR), aceita pelo Supremo Tribunal Federal, o PP aparece com o maior número de parlamentares investigados.
20 de julho de 2015
Gerson Camarotti
Do G1
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