"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

O Nº. 10 DE DOWNING STREET E O PALÁCIO DO PLANALTO



A simplicidade da sede do governo britânico é um exemplo para nós
Diariamente, milhares de turistas em visita a Londres percorrem a pé a pequena distância que separa Westminster do mais famoso beco do mundo, a Downing Street, em cujo nº 10 trabalha e mora o First Lord of Treasury, cargo tradicionalmente comissionado ao Primeiro-Ministro britânico. Através das grades de uma cerca metálica pintada de preto, elegante mas sem floreios, pode-se espichar os olhos na direção do famoso endereço. A impressão que se recolhe, como brasileiro, é a total desproporção entre a importância do cargo e a sobriedade do edifício. 
Alvenaria de tijolos à vista, uma porta estreita abrindo para a rua sobre uma soleirinha de dez centímetros não é exatamente o que se imagina para quem ocupa posto de tal relevo.
Embora doada a Sir Robert Walpole em 1732 pelo rei George II, este a recusou como presente e propôs que fosse destinada ao uso dos ocupantes do cargo que ele então exercia. Muitos dos sucessores de Walpole, contudo, preferiram outros endereços por considerar aquele destituído da necessária dignidade. 
O nº 10, já então, estava longe de ser incluído entre os domicílios ou escritórios elegantes de Londres.
LOTAÇÃO ESGOTADA
Ao retornar dali para o hotel onde estava hospedado, dias atrás, busquei informações sobre o número de pessoas naquele local. Chamara-me a atenção a tranquilidade reinante na Downing Street. Havia muito mais gente espiando através das grades do que em circulação nas áreas externas da sede do governo. 
E lá dentro? Pesquisando, descobri que o primeiro-ministro britânico tem a sua disposição 85 postos da burocracia estatal e que no nº 10 trabalham, ao todo, cerca de 170 pessoas. 
Em Brasília, no Palácio do Planalto, sede do governo brasileiro, segundo informou o jornalista Claudio Humberto, em sua coluna do dia 27 de novembro de 2013, estão lotados 4,6 mil funcionários. 
À época, o jornalista observou que esse número era 10 vezes maior do que o staff total da Casa Branca. E, pelo que constatei em minha pesquisa, 27 vezes maior do que o staff operando na sede do governo do Reino Unido.
BONS EXEMPLOS
Quanto poderíamos aproveitar dos bons exemplos! Em vez disso, parece que aprendemos dos gregos. É evidente que com tais esbanjamentos, vivendo à forra, não pode sobrar dinheiro, por exemplo, para construir os presídios de cuja existência tanto dependem a credibilidade e efetividade da legislação penal e nossa segurança pessoal. Esse modelo pródigo de gestão só será rompido, com imensa economia de recursos se e quando adotarmos um sistema racional, que separe o Estado do governo e ambos da administração pública.
Vejam que ao referir o Palácio do Planalto, mencionei apenas um local, um edifício. Há muito mais luxo, requinte e esbanjamento ao redor da mesma praça onde se situa o endereço profissional da senhora presidente.

20 de abril de 2015
Percival Puggina

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