"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

AO DEFENDER CANDIDATURA PRÓPRIA DO PMDB, TEMER ANTECIPA RUPTURA COM LULA




No momento em que anunciou que o PMDB terá candidatura própria na sucessão presidencial de 2018, quando lançou quarta-feira a plataforma digital do partido na Internet, o vice-presidente Michel Temer – reportagem de Marina Dias, Mariana Haubert, Gabriela Guerreiro e Flávia Foreque, Folha de São Paulo de quinta-feira – antecipou, de fato, a ruptura com o projeto do PT, Lula 2018. E não só com a candidatura do ex-presidente, mas no fundo da questão, com o próprio governo Dilma Rousseff.
Aliás, este caminho, na mesma ocasião, foi defendido pelo deputado Eduardo Cunha, que afirmou estar a separação acontecendo de fato. Ficou evidente que o PMDB não deseja ser atingido pela impopularidade da presidente da República, agravada, a cada dia, com os reflexos das denúncias que se desenvolvem sobre os assaltos praticados contra a Petrobrás. São fatos sobretudo inegáveis, já que o balanço da empresa divulgado oficialmente contabilizou em 6,2 bilhões de reais os prejuízos decorrentes de atos criminosos ao desempenho e ao resultado relativo ao exercício de 2014.
O afastamento do PMDB, de outro lado, vai influir para o enfraquecimento da chamada base aliada do Executivo no Congresso nacional. Esse distanciamento inevitavelmente terá que envolver a posição dos seis ministros, representantes da legenda. A permanência, sob este ângulo, perde o sentido de ser, pois eles somente estão lá por causa dos votos que as bancadas do partido podem proporcionar. Com os votos passando a voar, incertos, não há porque os ministros serem mantidos.
CHEIA DE SURPRESAS
Coisas da política, quando exercida apenas sob o símbolo da fisiologia. Vejam só os leitores como a atividade no setor é plena de surpresas. O ministro Eduardo Cardozo saiu-se bem em seu depoimento à CPI da Petrobrás. Pensou-se que o governo havia marcado um ponto. Mas eis que foram publicadas com destaque as declarações do vice Temer sobre perspectivas do PMDB para 2018. Por seu conteúdo e reflexos múltiplos, superaram as palavras do titular da Justiça. E, ainda por cima, verificou-se o pedido do ex-ministro José Dirceu ao juiz Sérgio Moro para que não venha a ter sua prisão preventiva decretada em razão das acusações que lhe pesam por propinas recebidas de empresas que atuaram no escândalo da Petrobrás.
Iniciativa praticamente inédita de parte de um réu, acusado agora de ter recebido 4 milhões de reais de um intermediário, comissão ilegal por agenciar contratos na estatal. Assim agindo, de forma tácita, José Dirceu confessou a participação que lhe foi atribuída no episódio por Milton Pascowitch. O caminho político é cheio de surpresas. O da corrupção também.
AUMENTO DOS SERVIDORES DO JUDICIÁRIO
Em artigo publicado na FSP, edição de quarta-feira, o ex-ministro Delfim Netto pediu à presidente Dilma Rousseff que vete o projeto de lei aprovado pelo Congresso que reajusta em parcelas de 36 meses – três anos, portanto – a correção dos vencimentos dos servidores do Judiciário Federal. Razões de economia. Mas Delfim Netto não considerou a defasagem que atinge aquele funcionalismo: mais de 60% ao longo de seis anos. Mas a questão não é somente esta. É que, ao sancionar a lei 13.091 de janeiro de 2015, a presidente da República assegurou ao presidente do Supremo Tribunal federal o direito de enviar diretamente ao Congresso projetos relativos ao Poder Judiciário.  Assim aconteceu com a mensagem original transformada em lei. Se abriu mão da iniciativa que era sua, logicamente Dilma Rousseff não deve poder vetar o desfecho final da matéria. Vamos ver como termina este caso.

20 de julho de 2015
Pedro do Coutto

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