SÃO PAULO - Os dados econômicos vêm saindo piores do que as previsões. A ampliação da operação Lava Jato, que agora colocou dois megaempreiteiros na cadeia, ameaça roubar mais um naco do PIB. Estamos diante de uma supercrise muito maior do que a antecipada? Qual o seu impacto sobre o nosso futuro?
Como já disse aqui, é preciso muita cautela ao avaliar situações ruins. Devido a um somatório de vieses humanos, notadamente o modo como super-reagimos diante de fatos negativos, julgamos a crise presente como muito pior do que as passadas. Não é que não possam sê-lo. O ponto é que as avaliações feitas no olho do furacão tendem a superdimensionar a encrenca, ao passo que os juízos acerca do passado, sobre os quais o instinto de sobrevivência não interfere, são um tantinho mais objetivos.
Não estou, com essas observações, querendo dizer que os economistas com previsões mais lúgubres estão exagerando, mas apenas que devemos desconfiar de nossas (e das deles) primeiras impressões.
Quanto ao futuro, tudo depende das lentes históricas que utilizamos. Na perspectiva dos anos e quinquênios, o retrocesso é inegável. O governo Dilma tinha tudo engatilhado para produzir uma sequência mais longa de crescimento econômico e, por uma combinação de erros bestas e ganância política, pôs tudo a perder.
Se pensarmos, porém, no horizonte das décadas e séculos, é preciso reconhecer que, apesar do PT, o país está crescendo institucionalmente. Para dar um único exemplo, políticos de alto coturno e grandes empresários, que duas ou três décadas atrás eram virtualmente intocáveis, hoje são detidos e até condenados na Justiça. Podemos lamentar que haja ainda certa seletividade no processo, mas o sentido da mudança é positivo.
O problema é que, como vivemos e pensamos na escala dos anos e não no tempo histórico, os avanços mal são percebidos e não fazem frente ao rombo nos bolsos e nas expectativas.
23 de junho de 2015
Hélio Schwartsman
Como já disse aqui, é preciso muita cautela ao avaliar situações ruins. Devido a um somatório de vieses humanos, notadamente o modo como super-reagimos diante de fatos negativos, julgamos a crise presente como muito pior do que as passadas. Não é que não possam sê-lo. O ponto é que as avaliações feitas no olho do furacão tendem a superdimensionar a encrenca, ao passo que os juízos acerca do passado, sobre os quais o instinto de sobrevivência não interfere, são um tantinho mais objetivos.
Não estou, com essas observações, querendo dizer que os economistas com previsões mais lúgubres estão exagerando, mas apenas que devemos desconfiar de nossas (e das deles) primeiras impressões.
Quanto ao futuro, tudo depende das lentes históricas que utilizamos. Na perspectiva dos anos e quinquênios, o retrocesso é inegável. O governo Dilma tinha tudo engatilhado para produzir uma sequência mais longa de crescimento econômico e, por uma combinação de erros bestas e ganância política, pôs tudo a perder.
Se pensarmos, porém, no horizonte das décadas e séculos, é preciso reconhecer que, apesar do PT, o país está crescendo institucionalmente. Para dar um único exemplo, políticos de alto coturno e grandes empresários, que duas ou três décadas atrás eram virtualmente intocáveis, hoje são detidos e até condenados na Justiça. Podemos lamentar que haja ainda certa seletividade no processo, mas o sentido da mudança é positivo.
O problema é que, como vivemos e pensamos na escala dos anos e não no tempo histórico, os avanços mal são percebidos e não fazem frente ao rombo nos bolsos e nas expectativas.
23 de junho de 2015
Hélio Schwartsman
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