A nova encíclica Papal alinha técnica e sabedoria desafiando o modelo economico global e as consequencias nefastas na natureza. O fundamental é mostrar à toda humanidade que essa forma de crescimento, desenvolvimento e exploração dos recursos da natureza não progridem no quesito de sustentabilidade.
Muitos aplaudiram, outros ficaram indiferentes, mas alguns criticaram pois que suas economias seriam prejudicadas, implicando custos sociais elevados. A Grécia vive seu momento histórico de negociações e indefinições com o Banco Central Europeu e o FMI. A sua saída da comunidade européia já é dada como certa e os riscos estariam precificados.
Vivemos de fortes assimetrias no conjunto global, e o Brasil não é nada diferente. De uma economia de grau de investimentos, passamos, por pedaladas e corrupção, a ingressar na perigosa situação do ajuste com a previsão de um produto interno bruto negativo que pode alcançar 2,5%, um retrocesso histórico.
Em quais medidas os americanos e europeus estariam dispostos a colocar em prática o bem lançado documento do Papa Francisco para advertir a humanidade no sentido de que o planeta terra não pode ser um depósito de lixo e a ambição pelo lucro a única finalidade existencial. Os combustíveis fosseis já tem dada certa para a finalização, mas não basta o verde estar sendo cada vez mais agredido.
A corrupção somente gosta do verde se for em moeda norte americana, levando bilhões dos países emergentes que não diagnosticam seus resultados e perdem nos serviços sociais prestados à população. A encruzilhada da humanidade parece se aproximar com o numero intransitável de carros, fábricas e o crescimento, ainda que menor, da China e da India. As populações migram com mais frequencia e abarrotam pelos mares as entradas na Europa.
O Brasil sofre o mesmo problema. Milhares de estrangeiros, dentre os quais haitianos, sem mão de obra qualificada, entupindo ainda mais a carente cidade de São Paulo, desprovida, minimamente, de água e com enormes contrastes habitacionais.
Faltam-nos planejamento e dimensionar o social, no propósito de erradicar bolsões de miséria, como existentes no Rio de Janeiro, às vésperas dos jogos olímpicos para que todos visitantes se deparem com essa dura e crua realidade.
Passados todos os momentos e atendidas suas circunstâncias esperamos, sinceramente, que a nova Encíclica Papal não represente um grito no deserto, mas um momento de reflexão, um ponto fora da curva, acenando para que as lideranças mundiais compreendam suas ações e reduzam as assimetrias com os países em desenvolvimento.
O peso forte das moedas estrangeiras e o reduzido comércio exterior fazem do Brasil refém de produtos agrícolas primários e de ineficiente tecnologia exportadora. Assim precisamos mirar a competição e a concorrência, até para a redução dos preços que se praticam no País.
Que a Encíclica de Francisco seja um grito de alerta para o planeta e a reconstrução gradual do interior da humanidade.
23 de junho de 2015
Carlos Henrique Abrão, Doutor em Direito pela USP com especialização em Paris, é Desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo.
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