"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 23 de junho de 2015

GRITO NO DESERTO




A nova encíclica Papal alinha técnica e sabedoria desafiando o modelo economico global e as consequencias nefastas na natureza. O fundamental é mostrar à toda humanidade que essa forma de crescimento, desenvolvimento e exploração dos recursos da natureza não progridem no quesito de sustentabilidade.

Muitos aplaudiram, outros ficaram indiferentes, mas alguns criticaram pois que suas economias seriam prejudicadas, implicando custos sociais elevados. A Grécia vive seu momento histórico de negociações e indefinições com o Banco Central Europeu e o FMI. A sua saída da comunidade européia já é dada como certa e os riscos estariam precificados.

Vivemos de fortes assimetrias no conjunto global, e o Brasil não é nada diferente. De uma economia de grau de investimentos, passamos, por pedaladas e corrupção, a ingressar na perigosa situação do ajuste com a previsão de um produto interno bruto negativo que pode alcançar 2,5%, um retrocesso histórico.

Em quais medidas os americanos e europeus estariam dispostos a colocar em prática o bem lançado documento do Papa Francisco para advertir a humanidade no sentido de que o planeta terra não pode ser um depósito de lixo e a ambição pelo lucro a única finalidade existencial. Os combustíveis fosseis já tem dada certa para a finalização, mas não basta o verde estar sendo cada vez mais agredido.

A corrupção somente gosta do verde se for em moeda norte americana, levando bilhões dos países emergentes que não diagnosticam seus resultados e perdem nos serviços sociais prestados à população. A encruzilhada da humanidade parece se aproximar com o numero intransitável de carros, fábricas e o crescimento, ainda que menor, da China e da India. As populações migram com mais frequencia e abarrotam pelos mares as entradas na Europa.

O Brasil sofre o mesmo problema. Milhares de estrangeiros, dentre os quais haitianos, sem mão de obra qualificada, entupindo ainda mais a carente cidade de São Paulo, desprovida, minimamente, de água e com enormes contrastes habitacionais.

Faltam-nos planejamento e dimensionar o social, no propósito de erradicar bolsões de miséria, como existentes no Rio de Janeiro, às vésperas dos jogos olímpicos para que todos visitantes se deparem com essa dura e crua realidade.

Passados todos os momentos e atendidas suas circunstâncias esperamos, sinceramente, que a nova Encíclica Papal não represente um grito no deserto, mas um momento de reflexão, um ponto fora da curva, acenando para que as lideranças mundiais compreendam suas ações e reduzam as assimetrias com os países em desenvolvimento.

O peso forte das moedas estrangeiras e o reduzido comércio exterior fazem do Brasil refém de produtos agrícolas primários e de ineficiente tecnologia exportadora. Assim precisamos mirar a competição e a concorrência, até para a redução dos preços que se praticam no País.

Que a Encíclica de Francisco seja um grito de alerta para o planeta e a reconstrução gradual do interior da humanidade.

23 de junho de 2015
Carlos Henrique Abrão, Doutor em Direito pela USP com especialização em Paris, é Desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo.

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