"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 23 de junho de 2015

O QUE LULA DIZ NÃO BATE COM O QUE ELE FEZ. NEM COM O QUE DILMA FAZ

No dia em que Lula disse: “Hoje a gente só pensa em cargo, a gente só pensa em emprego, a gente só pensa em ser eleito e ninguém mais trabalha de graça”, a coordenação política do governo anunciou mais uma rodada de

liberação de emendas parlamentares ao Orçamento e de distribuição de cargos em troca de votos para aprovação no Congresso do resto do ajuste fiscal.

O dinheiro das emendas e os cargos não contemplarão apenas o PT, é claro. De resto, enquanto governou por dois mandatos, foi Lula que viciou o PT em cargos, empregos, eleições e trabalho pago. Mas a coincidência da

crítica feita por Lula com a revelação das miçangas a serem usados pelo governo para seduzir o Congresso, confirma que o buraco é bem mais embaixo. Lula prega o que não fez e o que Dilma, sua criatura, não fará.

O mensalão foi uma maneira explícita, descarada de pagar a parlamentares para que votassem como o governo queria. Parte do dinheiro empregado na compra dos votos acabou desviada dos cofres públicos, segundo o

Supremo Tribunal Federal, cuja maioria dos ministros deve seu emprego a Lula e Dilma. A liberação de dinheiro para honrar emendas ao Orçamento faz parte da lei.

Nem por isso, junto com a ocupação de cargos por afilhados dos políticos, deixa de ser outra maneira de comprar votos. Uma maneira menos sem vergonha, digamos assim. Mas é só. O dinheiro das emendas deveria servir

para a realização de pequenas obras nos redutos eleitorais de deputados e senadores. O governo está careca de saber que parte dele enriquece os autores de emendas e seus apaniguados.

Interessado, a se acreditar no que diz, em promover uma revolução no PT que se esclerosou, Lula poderia começar a refletir sobre como governar sem distribuir dinheiro e cargos.



23 de junho de 2015
Ricardo Noblat

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