O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, questionou a democracia no Brasil e disse que as redes sociais a “complicam”. Na abertura de uma palestra do ex-primeiro-ministro da Espanha Felipe González em São Paulo, Okamotto definiu democracia como “exercício solitário de pensar o que é bom para as pessoas” e disse que fica “com uma grande pulga atrás da orelha” sobre como consolidá-la no país.
“Estamos muito distantes do mundo desenvolvido, do mundo rico”, afirmou. Segundo ele, a “democracia está ainda mais complicada” com o advento das redes sociais. Okamotto apontou o apoio popular à redução da maioridade penal e o fracasso da reforma política como ameaças. “Todo mundo quer uma classe política melhor. Mas essa reforma política, para mim, é uma decepção”, discursou.
Às vésperas de o plenário da Câmara decidir se reduz ou não a maioridade penal de 18 para 16 anos nos casos de crimes violentos, nove em cada dez brasileiros se dizem favoráveis a essa medida, segundo pesquisa Datafolha. Entre os entrevistados pelo instituto na semana passada, 87% apoiam a alteração.
CPI DA PETROBRAS
Okamotto foi convocado a prestar depoimento à CPI da Petrobras na Câmara para explicar as doações de R$ 3 milhões feitas ao instituto pela empreiteira Camargo Corrêa, investigada no esquema de corrupção da Petrobras.
A bancada do PT estuda solicitar ao plenário da Câmara reavalie a convocação do braço direito de Lula na entidade após terem levado bronca do ex-presidente. Eles articularam um contra-ataque que inclui um recurso para tentar derrubar a ida de Okamotto à comissão.
‘AFLIÇÃO POLÍTICA’
González, que pertence ao PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), foi convidado a palestrar no Instituto Lula para falar sobre a experiência de seu partido ao se reerguer após denúncias de corrupção. A sigla ficou nove anos fora do poder na Espanha até conseguir voltar ao governo, quando José Luis Zapatero foi alçado ao cargo de primeiro-ministro (2004-2011).
Para ele, a “aflição” que o Brasil vive é mais política do que econômica. Em sua palestra, González disse acreditar na possibilidade de o Brasil implementar medidas anticrise. Segundo ele, o ajuste fiscal praticado pelo governo Dilma Rousseff vai durar cerca de um ano. Avalia, porém, que o Brasil tem “muita capacidade de investimento que pode ser concretizado neste momento”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Felipe Gonzalez, coitado, não sabe nada do Brasil. Okamotto, também não sabe. Dizer que as redes sociais complicam a democracia é uma declaração que necessita de tradução simultânea, porque ninguém consegue entender. (C.N.)
23 de junho de 2015
Catia Seabra e Bela Megale
Folha
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