Um excelente levantamento feito no Departamento Nacional De Pesquisa Mineral (DNPM), pela revista InTheMine, mostra um fenômeno perturbador. Os minerais mais pesquisados no mundo, que são ouro, metais básicos, e metais ferrosos estão desaparecendo das estatísticas da pesquisa brasileira.
Isso é assustador e mostra a profundidade do desastre.
É a pesquisa desses minérios que sustenta toda a cadeia da exploração mineral, gerando empregos, projetos, sondagens, geofísica, geoquímica e milhões de análises.
A mesma pesquisa que sustenta toda uma cadeia produtiva que inclui as junior companies, as empresas de geologia e prospecção, de sondagem, laboratórios e as milhares de empresas de consultoria que fazem o setor crescer e gerar riquezas.
Aqui no Brasil a pesquisa tradicional deu lugar aos minerais industriais. Os novos requerimentos feitos no DNPM são, principalmente, para areia, argila, granito e calcário. Em 2013 predominaram os requerimentos para minerais industriais e, em décimo lugar veio os requerimentos para diamantes.
Em 2014 vemos o tímido retorno do ouro e do ferro que ficam na quinta e sexta posição, atrás dos industriais.
Qual o significado disso? É o fim da pesquisa mineral como a conhecemos! É também o fim do investimento estrangeiro na exploração mineral do Brasil pois 90% da pesquisa mineral é feita para metais básicos, ouro, diamante e metais ferrosos.
Um país que não busca esses minérios está fadado ao terceiro mundo.
SEM INVESTIMENTOS
O Ministério de Minas e Energia, na época chefiado pelo Ministro Édison Lobão, famoso nas páginas de escândalos e corrupção e um dos arquitetos da crise, resolveu simplesmente paralisar as concessões dos alvarás de pesquisa e de lavra paralisando projetos e espantando o investidor.
Se ontem as juniors investiam mais de US$700 milhões por ano em busca de ouro, metais básicos e ferrosos em solo brasileiro, hoje os investimentos estão tendendo a zero.
E, com a falta dos investimentos, veremos as minas atuais se extinguirem sem novas descobertas minerais para repor o minério lavrado. A falta de descobertas nos obrigará a importar o minério que deveria estar sendo produzido aqui.
A falta de pesquisa mineral, causada pela política xenófoba e pouco inteligente do Governo Brasileiro destruiu, completamente, o setor e está lançando o país no limbo da mineração. Em breve toda a população começará a colher os amargos frutos desta política.
DESEMPREGO É GERAL.
Em nossos contatos com as empresas de sondagem e com os laboratórios de análises químicas, dois dos mais importantes termômetros da pesquisa em um país, ficamos estarrecidos com a situação calamitosa em que eles se encontram.
O fim da pesquisa mineral é o fim dos laboratórios de análises e das empresas de sondagem. O Laboratório Intertek, por exemplo, um dos maiores do mundo, presente em 24 países e com filiais em onze estados brasileiros está em situação precária.
Desde 2013, quando o congelamento dos alvarás matou a pesquisa mineral, o Intertek teve que demitir nada menos do que 174 colaboradores diretos. Desde então os negócios caíram 90% no que configura o maior desastre da história da pesquisa mineral brasileira.
Mesmo assim o Intertek luta para sobreviver. Um de seus laboratórios brasileiros, com capacidade para 30.000 amostras por mês, está parado e poderá fechar se nada ocorrer de positivo na pesquisa mineral até maio deste ano.
O laboratório sobrevive com pouquíssimas amostras de ouro (1.500), metais básicos (1.300), alumina (100) e ferro/Mn (150).
A crise atinge o setor como um furacão e outros laboratórios não se mostraram tão resistentes quanto o Intertek e fecharam as suas portas demitindo seus funcionários altamente treinados.
(artigo enviado pelo comentarista Ricardo Sales. AMANHÃ: Governo força aprovação do Marco Regulatório da Mineração)
25 de março de 2015
Pedro Jacobi
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