Partidos da base aliada se afastam do Planalto
Enquanto o governo se preocupava mais em conter o PMDB, os demais partidos da base aliada iam se afastando dia a dia do Planalto. Atualmente, das 11 legendas que, teoricamente, integram a ala governista, apenas duas se mantêm firmes ao lado de Dilma Rousseff para o que der e vier: o PT e o PCdoB.
Os demais, se o Planalto piscar os olhos, arriscam seguir outros caminhos e, hoje, respondem muito mais a um comando do PMDB do que das autoridades palacianas e seus representantes. Mas o número pode chegar a três, caso o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, consiga manter alguma ascendência sobre uma ampla maioria de votos da sua bancada, o que ainda não está assegurado.
ARTIMANHA DO PLANALTO
O motivo do afastamento dessas siglas não foram nem as dificuldades na economia ou a Operação Lava-Jato, na qual líderes aliados também se encontram sob investigação. O que levou muitos a manterem uma certa distância do Planalto foi a artimanha que aliados acreditam ter sido montada dentro do palácio para “reformar a base” à revelia deles.
Essa armação consiste em criar o PL, fundi-lo com o PSD de Gilberto Kassab e, ao mesmo tempo, fortalecer o Pros, no qual estão hoje os irmãos Cid e Ciro Gomes. Nos últimos meses, por mais que o Planalto dissesse que não pretendia seguir por esse rumo, os partidos não compravam o discurso.
O que deixou os velhos apoiadores de Dilma certos de que esse plano estava em curso foi o fato de Dilma entregar o Ministério da Educação a Cid Gomes e o das Cidades a Kassab. As duas pastas fazem a ponte com prefeitos e também têm influência direta sobre vários setores da sociedade. Não entregar nenhuma delas aos partidos médios que estão na base há tempos — nem ao poderoso PMDB — foi o que disseminou o germe do distanciamento.
25 de março de 2015
Denise Rothenburg
Correio Braziliense
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