Durante a transmissão por TV das passeatas antipetistas por todo o Brasil, em determinado momento, a locutora que narrava as manifestações pediu que a comentarista política da TV Globo se pronunciasse a respeito. Foi então que, na multidão, apareceu uma grande faixa pedindo a intervenção das Forças Armadas. Imediatamente, a comentarista política interrompeu o que estava falando e informou, ou melhor, desinformou que isto seria pedir por um ato inconstitucional e, portanto, tratava-se de uma solicitação despropositada.
Em seguida, levou longos minutos dialogando com a narradora do evento quanto à pretensa inconstitucionalidade daquele pedido que, segundo ela, era sem propósito, porque impossível de ser feito dentro da legalidade.
Ficou evidente que aquele demorado pronunciamento, em tom professoral, não passava de uma tentativa de doutrinação dos tele-espectadores no sentido da desnecessidade de um inútil pedido de intervenção, já que, por pretensamente contrariar a Constituição Federal, seria um golpe militar. Ora, o artigo 142 da Constituição Federal não foi revogado pelo PT e, quanto a se falar em inconstitucionalidade, a regulamentação feita pela Lei Complementar Nº 97/99, esta sim, é inconstitucional, porque equivocadamente mal formulada e omissa. O Setor de Jornalismo da TV GLOBO, ou pior ainda, a sua comentarista política, uma especialista, ignora isto? É ignorância e desconhecimento, ou uma interpretação canhestra, fruto de má-fé de uma mídia acabrestada?
À noite, após o “Domingão do Faustão”, na exibição de uma breve chamada para o “Fantástico”, que viria logo em seguida, um locutor avisou que o programa mostraria flashes das manifestações e conseguiu “encaixar” um comentário sobre aquela “inconveniente” faixa, acompanhado da doutrinação de que uma intervenção das Forças Armadas seria inconstitucional etc., etc.. Nem se preocupou em informar sobre as figuras políticas que tomariam parte naquele programa, e que, é claro, também se pronunciariam contra o impeachment e contra a intervenção das Forças Armadas. Afinal, estariam ali exatamente para isto.
A propósito, a exemplo das contribuições para campanhas, feitas pelas empreiteiras aos partidos políticos, também as verbas publicitárias para clipes de publicidade de governos federal, estadual e municipal em emissoras de televisão, bem como as páginas inteiras em jornais, a título de sofismáticas prestações de contas, são uma prática igualmente imoral que não deveria acontecer.
Apregoar pela mídia “Vejam todos que maravilhoso governo de grandes realizações estamos fazendo!” não passa de cínica propaganda subliminar antecipada, para as próximas eleições, mas paga com o dinheiro público, o que deveria ser coisa proibida! Somente quando o Poder Público não mais conseguir meios de colocar coleira ou cabresto na mídia, de modo a levá-la de arrastos na direção que bem quiser, é que poderá existir o pleno exercício da liberdade de imprensa e dos meios de comunicação social.
Mario de Souza é professor de Construção Civil.
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