Em 2012, segundo o Datafolha, praticamente um em cada três brasileiros (31%) não tinha problema em vir a público se dizer petista. Na mais recente pesquisa do instituto, no entanto, a contagem de admiradores do PT voltou à conhecida em 1989, quando pela primeira vez disputou a presidência da república: nada menos que 9%. Foram necessários apenas 3 anos – e uma enxurrada de notícias negativas – para destruir toda uma imagem construída nesse intervalo de duas décadas.
A queda vem sendo vertiginosa. Em dezembro, ainda empolgados com o resultado das eleições,um total de 22% dos brasileiros declaravam ao Datafolha uma predileção pelo PT. Em fevereiro, após o “pacote de maldades” de Dilma confirmar todo o estelionato eleitoral vendido na campanha, esse valor despencou para 12%. Agora em março, quando 5,7 milhões de eleitores, segundo o instituto, participaram de protestos contra o governo em todo o país, um quarto dos petistas debandou, fazendo com o que o partido empatasse com os 6% do PSDB – dentro da margem de erro de 2% da pesquisa.
Ao que tudo indica, essa última leva de desertores se distribuiu entre PSB, PV e PSOL, partidos que, pela primeira vez desde os fim das eleições, largam o zero e surgem com uma contagem de partidários no primeiro por cento. O PMDB, mesmo com um número bem maior de líderes investigados pelo Petrolão, segue inabalável com os mesmos 4% de admiradores que costumeiramente possui.
Os mais jovens agora se dizem tucanos
Em dezembro, para cada jovem entre 16 e 24 anos que se declarava tucano, praticamente o triplo se descrevia petista. Hoje o jogo virou, mesmo que dentro da margem de erro: enquanto 6% reconhecem o PSDB como partido do coração, apenas 5% sentem o mesmo pelo PT. A situação também se repete quando se olha apenas para o brasileiro com renda familiar acima de 5 salários mínimos.
No geral, o tucano é um trabalhador homem (6%), possui mais de 60 anos (8%), segundo grau (7%) e renda familiar entre 5 e 10 salários (10%), um perfil que só não é bem quisto pelo discurso populista do esquerdismo brasileiro em nítido declínio. Ainda disposto a defender o PT, sobra um partidário também homem e trabalhador (11%), mas entre 25 e 44 anos (11%), com ensino fundamental (12%) e renda de até 2 salários, ou o perfil que o mesmo discurso populista adora explorar para garantir mais e mais reeleições.
Proporcionalmente, PSOL é o partido mais dominado por ricos
Enquanto PT e PSDB possuem, de uma forma geral, militantes com renda familiar entre 5 e 10 salários, o PMDB concentra a força numa camada mais humilde, que recebe até 5 salários por mês. Chama a atenção, no entanto, o caso da linha auxiliar do petismo, o PSOL. Ao lado de PV e PTB, forma a trinca de siglas a ter a maioria dos adeptos na camada mais rica da população (com renda acima dos 10 salários mínimos). Contudo, o partido do oxímoro “socialismo e liberdade” possui sozinho a exata soma dos outros dois.
Fica a dúvida se todas essas mudanças já encontraram o limite, se há disposição para continuarem nos rumos aqui apontados, ou ainda se os índices possuem interesse em voltar a patamares anteriores. A resposta só será conhecida quando os próximos levantamentos do Datafolha surgirem. Fato é que o Brasil vem vivendo no campo político um grande momento de revisão de postura. A passividade com que já se olhou para os desmandos do PT aos poucos perde espaço para atitudes que arrastam às ruas multidões. Ironicamente, o mesmo PT que, mesmo na condição de governo, se vendeu na campanha como o melhor representante da “mudança” que interessava ao brasileiro. Azar dele – e sorte nossa – que a mudança em curso não é a mesma planejada pelo marketing do partido.
23 de março de 2015
Marlos Apyus
implicante
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