O futuro político do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) depende do mais recente depoimento do consultor Julio Camargo, da Toyo, que voltou a ser ouvido quinta-feira no acordo de delação premiada que fechou na Operação Lava Jato.
Este testemunho de Camargo é considerado crucial para o prosseguimento do inquérito aberto a pedido do procurador-geral Rodrigo Janot contra o presidente da Câmara, porque vai dirimir as contradições a respeito da atuação de Cunha.
Como se sabe, um dos cúmplices do doleiro Alberto Youssef disse ter entregue propina na casa de Cunha, no Rio de Janeiro, mas depois se soube que a residência pertence a um advogado que tem ligações com o deputado Jorge Picciani. O próprio Youssef se apressou a desmentir a informação, dizendo que jamais mandou entregar propina a Cunha, porém ressalvou ter sabido que o deputado do PMDB havia mandado pressionar as empresas Samsung e Mitsui, representadas pelo consultor Julio Camargo, para que voltassem a pagar propinas.
CAMARGO NÃO CITOU CUNHA
Camargo está preso em Curitiba, também fez delação premiada, mas em seus depoimentos anteriores nada declarou sobre propinas a Cunha.
Os integrantes da força-tarefa então convocaram Camargo para novo depoimento, quinta-feira passada, para acabar com a controvérsia e saber se Eduardo Cunha deve ou não continuar respondendo a inquérito por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.
ATÉ AGORA, NADA…
Ao reinquirir o executivo, os procuradores federais da força-tarefa tinham o único e exclusivo intento de descobrir se Cunha realmente usou deputados para chantagear as duas empresas em uma comissão da Câmara. Já se passaram quatro dias e até agora, nada, não há a menor informação.
O novo depoimento de Júlio Camargo não deve ter sido longo. Certamente já foi transcrito e enviado ao Supremo Tribunal Federal, para exame pelo ministro-relator Teori Zavascki. E como os inquéritos contra parlamentares federais correm em sigilo de Justiça, a importantíssima informação ainda não vazou, mantendo o clima de suspense quanto à situação de Eduardo Cunha na investigação do Supremo.
Especialistas em delação premiada acham que o executivo Júlio Camargo não deve ter confirmado a informação que o doleiro Youssef diz ter recebido dele. Se tiver acusado Eduardo Cunha nesse novo depoimento de quinta-feira, ficará comprovado que nas declarações anteriores omitiu informações propositadamente, e ele poderá perder todos os benefícios penais da delação. Este é o quadro, até agora.
23 de março de 2015
Carlos Newton
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