"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 13 de julho de 2014

POPULISMO NO FUTEBOL

BRASÍLIA - Dilma Rousseff quer uma "renovação" do futebol. Seu ministro do Esporte, Aldo Rebelo, falou, depois recuou, sobre "intervenção indireta" na gestão desse esporte. Um site bancado pelo PT afirmou que a CBF é responsável pela "desorganização" do futebol brasileiro.

Os maiores responsáveis pela bagunça do futebol brasileiro são os governantes sucessivos que passam a mão na cabeça de dirigentes de clubes inescrupulosos e incompetentes.

Os cerca de 300 times de futebol no Brasil devem cerca de R$ 4 bilhões. A cifra é de 2012. Pode ser muito maior agora. Um projeto de lei apoiado pelo Planalto pretende dar um desconto e refinanciar esses débitos por um prazo de 25 anos.

A contrapartida seria exigir dos times o pagamento em dia de suas contas, punindo com o rebaixamento os que atrasarem as prestações ou os salários de atletas. Vai funcionar? Difícil. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) teria de aceitar tal procedimento --retirar pontos de um clube no Campeonato Brasileiro quando ocorrer o calote de dívida.

A Fifa, órgão que comanda o futebol mundial, não aceita a intervenção de governos nas regras de campeonatos organizados por entidades associadas, como a CBF. Ou seja, não tem saída dentro dessa proposta populista agora abraçada pelo Palácio do Planalto. A chance de sair só o perdão das dívidas sem nada em troca é enorme.

A solução real é dolorosa: executar judicialmente essa dívida de R$ 4 bilhões. Muitos clubes vão falir. Grandes da Série A do Campeonato Brasileiro podem fechar as portas. O Brasil ficará melhor. Será pedagógico. Quem sobrar terá de pedir ajuda aos seus sócios. Serão cobrados a ter uma gestão mais profissional. Afinal, trata-se de uma atividade privada.

Falar em renovação do futebol em época de Copa do Mundo e sinalizar com um perdão de dívidas bilionárias é populismo. Esse é o caminho com o qual Dilma está flertando.


13 de julho de 2014
Fernando Rodrigues, Folha de SP

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