Quarta-feira, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) avisou que a partir de outubro deve estancar a emissão de dólares para compra de títulos no mercado secundário.
Ainda não se trata do início da operação de retirada de dólares do mercado, o que implicaria a revenda de títulos do seu estoque. Mas é o início da reversão de uma política não convencional destinada a promover a recuperação da economia americana.
Denominada afrouxamento quantitativo (quantitative easing), essa política levantou muita polêmica, não só porque exigiu emissões gigantescas de moeda mas, também, porque não foram dissipadas as dúvidas sobre sua utilidade como instrumento novo de combate a crises.
É uma política monetária não convencional na medida em que, até o estouro da última crise, se entendia que os bancos centrais devessem se limitar a administrar a política de juros, que corresponde a retiradas ou a injeções de moeda no mercado, para garantir o nível desejável de inflação (de 2% ao ano nos Estados Unidos). Em 2009, os juros básicos rastejavam a nível zero sem que a economia americana desse sinais de recuperação. Como não houvesse mais espaço para a derrubada dos juros, o Fed decidiu partir para essas emissões. Na ocasião, já havia nos seus ativos US$ 2,8 trilhões em títulos. De lá para cá, novas compras feitas com emissões de moeda incharam seu balanço para US$ 4,4 trilhões.
A lógica dessa política é a de que a nova demanda de títulos de logo prazo criada pelo Fed provocasse a derrubada geral dos juros de longo prazo. Com isso, não só o capital procuraria aplicações mais rentáveis nas opções de risco, mas o crédito, assim estimulado, ajudaria na recuperação do consumo e da produção. E na área de títulos de crédito, a principal recuperação desejada era a dos valores das hipotecas (crédito para compra de imóveis), que despencaram no auge da crise.
O anúncio de que estancará a compra de títulos a partir de outubro tem como fundamento certa recuperação da economia americana, que mostra não só perspectiva do crescimento do PIB de 2,8% neste ano mas, também, redução do desemprego que atingira 10% em 2009 e, em junho, baixou para 6,1%.
As dúvidas não se concentram apenas em torno da eficácia da operação enquanto instrumento capaz de reverter a crise. Também se estendem ao ritmo da reversão pretendida. O mercado pode ter ficado dependente dessas emissões de moeda, como o viciado em drogas.
A mera expectativa de estancamento pode provocar ondas de incerteza. Quando começou a política de afrouxamento quantitativo, o Fed passou a navegar mares nunca antes mapeados. Os problemas a enfrentar no retorno à normalidade são igualmente desconhecidos, especialmente quando não se tem certeza de que a recuperação esteja garantida.
Do ponto de vista dos atuais interesses do governo brasileiro, que agora quer maior entrada de moeda estrangeira, a parada das compras de títulos pelo Fed é um fato preocupante, especialmente se a crise da economia se acentuar e se as agências de classificação de risco colocarem em dúvida a qualidade dos títulos da dívida brasileira.
Ainda não se trata do início da operação de retirada de dólares do mercado, o que implicaria a revenda de títulos do seu estoque. Mas é o início da reversão de uma política não convencional destinada a promover a recuperação da economia americana.
Denominada afrouxamento quantitativo (quantitative easing), essa política levantou muita polêmica, não só porque exigiu emissões gigantescas de moeda mas, também, porque não foram dissipadas as dúvidas sobre sua utilidade como instrumento novo de combate a crises.
É uma política monetária não convencional na medida em que, até o estouro da última crise, se entendia que os bancos centrais devessem se limitar a administrar a política de juros, que corresponde a retiradas ou a injeções de moeda no mercado, para garantir o nível desejável de inflação (de 2% ao ano nos Estados Unidos). Em 2009, os juros básicos rastejavam a nível zero sem que a economia americana desse sinais de recuperação. Como não houvesse mais espaço para a derrubada dos juros, o Fed decidiu partir para essas emissões. Na ocasião, já havia nos seus ativos US$ 2,8 trilhões em títulos. De lá para cá, novas compras feitas com emissões de moeda incharam seu balanço para US$ 4,4 trilhões.
A lógica dessa política é a de que a nova demanda de títulos de logo prazo criada pelo Fed provocasse a derrubada geral dos juros de longo prazo. Com isso, não só o capital procuraria aplicações mais rentáveis nas opções de risco, mas o crédito, assim estimulado, ajudaria na recuperação do consumo e da produção. E na área de títulos de crédito, a principal recuperação desejada era a dos valores das hipotecas (crédito para compra de imóveis), que despencaram no auge da crise.
O anúncio de que estancará a compra de títulos a partir de outubro tem como fundamento certa recuperação da economia americana, que mostra não só perspectiva do crescimento do PIB de 2,8% neste ano mas, também, redução do desemprego que atingira 10% em 2009 e, em junho, baixou para 6,1%.
As dúvidas não se concentram apenas em torno da eficácia da operação enquanto instrumento capaz de reverter a crise. Também se estendem ao ritmo da reversão pretendida. O mercado pode ter ficado dependente dessas emissões de moeda, como o viciado em drogas.
A mera expectativa de estancamento pode provocar ondas de incerteza. Quando começou a política de afrouxamento quantitativo, o Fed passou a navegar mares nunca antes mapeados. Os problemas a enfrentar no retorno à normalidade são igualmente desconhecidos, especialmente quando não se tem certeza de que a recuperação esteja garantida.
Do ponto de vista dos atuais interesses do governo brasileiro, que agora quer maior entrada de moeda estrangeira, a parada das compras de títulos pelo Fed é um fato preocupante, especialmente se a crise da economia se acentuar e se as agências de classificação de risco colocarem em dúvida a qualidade dos títulos da dívida brasileira.
13 de julho de 2014
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