O Brasil não terá mais facilidade para conviver com déficits públicos elevados, desequilíbrio forte nas contas externas e inflação fora dos padrões internacionais
O Federal Reserve, banco central americano, avalia que a economia dos Estados Unidos está próxima da normalidade. Já em outubro, o Fed, como é conhecido no mundo financeiro, deve suspender os últimos estímulos monetários, deixando de recomprar títulos do Tesouro dos EUA em poder do mercado local, e que hoje equivalem a uma “injeção” mensal da ordem de US$ 10 bilhões em circulação.
Para o tamanho da economia americana, esse valor pode ser considerado um estímulo residual, mas as autoridades monetárias resolveram mantê-lo apenas para que os mercados fossem se ajustando gradualmente, sem sobressaltos. Além disso, desde 2008, US$ 4 trilhões já foram mobilizados no resgate da economia americana. Vale observar que o sistema financeiro americano esteve à beira do colapso depois da crise de 2008, com renomadas instituições conseguindo se salvar somente em face dos estímulos monetários que foram criados pelo Fed.
Em um segundo estágio, que deve se iniciar em março ou abril do ano que vem, o banco central americano começará a elevar as taxas básicas de juros para patamares compatíveis com uma economia que se normalizou. Atualmente, esses juros são insignificantes (entre zero e 0,25% ao ano), exatamente para que houvesse uma recuperação do sistema financeiro e do mercado de crédito, abalados pelo estouro da bolha imobiliária, e que se espalhou pelo mercado de consumo em geral, fazendo com que a crise se estendesse até a indústria automobilística.
Esse ambiente que se aproxima da normalidade tende a reabrir espaço para exportações de países como o Brasil, mas, por outro lado, tornará mais intensa a disputa por recursos financeiros e investimentos. Os pretendentes a governar o Brasil a partir de 2015 devem estar atentos a essa mudança. Não será tão fácil conviver com déficits públicos nominais elevados, desequilíbrios crescentes na conta corrente do balanço de pagamentos e nem com uma inflação doméstica que destoa dos patamares que vigoram nos principais mercados no exterior.
O Brasil precisa voltar aos pilares que pavimentaram a recuperação da economia após os choques da década de 1990 e do início dos anos 2000. Isso significa prosseguir com reformas que assegurem a solvência do país no médio e longo prazos, em termos financeiros, mas que também propiciem condições para que as diferentes cadeias produtivas ganhem competitividade. Aumentar o investimento em infraestrutura, inovação e avanços tecnológicos, juntamente com mais qualificação de profissionais, é um desafio do conjunto da sociedade, o que inclui a adoção de política públicas corretas.
O que não não se pode é ignorar o quadro que está se formando no mercado global a partir da recuperação dos Estados Unidos.
O Federal Reserve, banco central americano, avalia que a economia dos Estados Unidos está próxima da normalidade. Já em outubro, o Fed, como é conhecido no mundo financeiro, deve suspender os últimos estímulos monetários, deixando de recomprar títulos do Tesouro dos EUA em poder do mercado local, e que hoje equivalem a uma “injeção” mensal da ordem de US$ 10 bilhões em circulação.
Para o tamanho da economia americana, esse valor pode ser considerado um estímulo residual, mas as autoridades monetárias resolveram mantê-lo apenas para que os mercados fossem se ajustando gradualmente, sem sobressaltos. Além disso, desde 2008, US$ 4 trilhões já foram mobilizados no resgate da economia americana. Vale observar que o sistema financeiro americano esteve à beira do colapso depois da crise de 2008, com renomadas instituições conseguindo se salvar somente em face dos estímulos monetários que foram criados pelo Fed.
Em um segundo estágio, que deve se iniciar em março ou abril do ano que vem, o banco central americano começará a elevar as taxas básicas de juros para patamares compatíveis com uma economia que se normalizou. Atualmente, esses juros são insignificantes (entre zero e 0,25% ao ano), exatamente para que houvesse uma recuperação do sistema financeiro e do mercado de crédito, abalados pelo estouro da bolha imobiliária, e que se espalhou pelo mercado de consumo em geral, fazendo com que a crise se estendesse até a indústria automobilística.
Esse ambiente que se aproxima da normalidade tende a reabrir espaço para exportações de países como o Brasil, mas, por outro lado, tornará mais intensa a disputa por recursos financeiros e investimentos. Os pretendentes a governar o Brasil a partir de 2015 devem estar atentos a essa mudança. Não será tão fácil conviver com déficits públicos nominais elevados, desequilíbrios crescentes na conta corrente do balanço de pagamentos e nem com uma inflação doméstica que destoa dos patamares que vigoram nos principais mercados no exterior.
O Brasil precisa voltar aos pilares que pavimentaram a recuperação da economia após os choques da década de 1990 e do início dos anos 2000. Isso significa prosseguir com reformas que assegurem a solvência do país no médio e longo prazos, em termos financeiros, mas que também propiciem condições para que as diferentes cadeias produtivas ganhem competitividade. Aumentar o investimento em infraestrutura, inovação e avanços tecnológicos, juntamente com mais qualificação de profissionais, é um desafio do conjunto da sociedade, o que inclui a adoção de política públicas corretas.
O que não não se pode é ignorar o quadro que está se formando no mercado global a partir da recuperação dos Estados Unidos.
13 de julho de 2014
Editorial O Globo
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