Mensagem e-mail (de Marília de Dirceu) para Henrique Pizzolato
De: mariliadedirceu@ptmail.com.br
Para: penitenziariomodena@gov.it
Senhor Henrique Pizzolato,
Sabemos que sua vida, que já foi ótima e farta, no momento e no futuro ela não é nada boa. Ainda assim recorro ao senhor, ex-diretor do Banco do Brasil S/A.
Embora condenado no processo do Mensalão e tendo fugido para a Itália com documentação falsificada, estou certa de que seu prestígio no referido banco ainda é grande.
Seguramente, o senhor ainda tem amigos influentes no Banco do Brasil, pois não consigo entender que o senhor, sozinho, tenha desviado tantos e tantos milhões da centenária instituição, orgulho de todos os brasileiros.
Comigo se passa o seguinte: após anos e anos de espera, enfim consegui, terça-feira última, dia 11 de Fevereiro de 2014, entrar na fila da agência do BB do Palácio da Justiça do Rio de Janeiro para receber o valor do meu Precatório. Venci uma ação de indenização contra o Estado do Rio de Janeiro e no dia 27 de dezembro de 2013 o governo do Rio depositou o valor da condenação.
Liberado o dinheiro pela presidência do TJ/RJ, o Mandado de Pagamento foi expedido e entregue ao Banco do Brasil para que o dinheiro me fosse pago. Quando chegou a minha vez (o salão de espera da agência do BB do Fórum do Rio estava lotado) entreguei ao atendente toda a minha documentação pessoal que, conferida, o funcionário deu por certa, boa e apta a receber o dinheiro, limpo e honestamente obtido. Então fiz um TED para que a quantia fosse transferida para um outro banco onde tenho conta.
Sabe o senhor, Henrique Pizzolato, que ao contrário de DOC (Documento de Ordem de Crédito, que por depender de compensação noturna, o crédito à conta e banco destinatários, só se efetiva no dia útil seguinte à transação), o TED (Transferência Eletrônica Disponível) é de trânsito imediato. A quantia leva poucos minutos para ser disponibilizada na conta do beneficiário no outro banco. E assim ocorre no Mundo dos Bancos. Nisso o senhor também é craque, não é?
Acontece, senhor Pizzolato, que o atendente me informou que, embora se tratando de TED, o dinheiro só iria cair na minha conta 72 horas após. Ou seja, na sexta-feira, dia 14 de Fevereiro de 2014. “É ordem“, disse ele, com certo acanhamento. Não discuti. Aceitei. Mais um dia, mais dois dias, não faria diferença para quem esperou 8 anos para receber o dinheiro do Precatório. E na sexta-feira passada, no final do dia, fui conferir e o dinheiro não entrou na conta!!!. Também não entrou hoje, terça-feira, dia 18 de Fevereiro, 7 dias e perto de 168 horas após à emissão do TED, terça-feira passada!!!.
Pelo menos, até o instante em que estou passando esta mensagem e-mail para o senhor, o dinheiro ainda não entrou na minha conta, quando o correto e honesto seria entrar minutos após à emissão do TED na manhã de terça-feira passada. Antecipo que o valor é pequeno. Muito pequeno mesma, mas me faz falta. Nada perto daqueles 73 milhões que o senhor foi condenado pelo STF.
Então voltei hoje, terça-feira, pela manhã, à gerência do Banco do Brasil que funciona dentro do prédio do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Reclamei. E ouvi a resposta “aguarde porque um dia o dinheiro vai entrar na sua conta“. Que absurdo, senhor Pizzolato! Tantos anos de espera para receber o valor do Precatório e agora essa dificuldade acontece comigo. Presenciei muita gente reclamando na agência pelo mesmo motivo.
Senhor Henrique Pizzolato, estou constrangida, envergonhada, necessitada e não sei a quem recorrer. Ouvi dizer que poderia reclamar na Ouvidoria. Tentei mas desisti, tantas foram as dificuldades. Sem saber a quem recorrer e crendo que o senhor ainda tem amigos, poder e comando dentro do Banco do Brasil, peço que o senhor, mesmo preso na penitenciária de Modena, interceda por mim junto à alta direção do Banco do Brasil para que meu dinheiro, ganho limpamente, me seja entregue o mais breve possível.
Meu advogado também está surpreso e revoltado. Comentei com ele e o doutor disse que eu poderia recorrer ao senhor. Sou idosa (70 anos), aposentada do INSS, moro de aluguel, não tenho filhos e muito pouco dinheiro para me vestir, alimentar e tratar de minha saúde.
Cordialmente,
Marilia de Dirceu.
18 de fevereiro de 2014
Jorge Béja
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