“A questão é maior que a Síria”, diz Zbigniew Brzezinski, ex-assessor da Casa Branca
Após o recuo britânico, os Estados Unidos continuam em busca de apoio para uma intervenção militar na Síria, mas, ao que tudo indica, terão de agir ao lado de poucos aliados.Uma opção errada, segundo Zbigniew Brzezinski, assessor de segurança nacional de Jimmy Carter durante seu governo (1977-81).
Em entrevista à Deutsche Welle, Brzezinski, hoje professor na Universidade Johns Hopkins, diz que o desafio é regional e não pode ser abordado como um problema meramente sírio. Por isso, afirma, é fundamental a participação de outros países, como a Turquia.
“Ações de retaliação frente a uma transgressão moral grave como o ataque químico devem ser parte de um projeto maior, com objetivos estratégicos em mente e não somente punitivos”, diz o especialista. Confira abaixo a íntegra da entrevista:
Essas são questões sobre as quais as pessoas têm que pensar seriamente antes de se aventurar numa ação militar que – embora justificada moralmente levando em conta a natureza da infração envolvida, ou seja, crimes contra a humanidade – ainda poderá ter consequências que podem não ser nada desejáveis.
Dada a contemporaneidade do que chamei em meus escritos de “despertar político global”, uma política de força baseada primariamente no Ocidente e, em alguns casos, em antigas potências coloniais não me parece ser um caminho muito promissor para uma eventual solução do problema regional.
Todas essas coisas têm de ser tratadas num contexto mais amplo e, em minha opinião, não devem ser confinadas a uma resposta militar isolada por parte de um pequeno número de países ocidentais, alguns deles com experiências históricas não particularmente construtivas.
Em poucas palavras, o problema é que a questão é maior do que a Síria e não pode ser abordada como um problema meramente sírio. E, em segundo lugar, ações de retaliação frente a uma transgressão moral grave como o ataque químico devem ser, mesmo assim, parte de um projeto maior, com objetivos estratégicos em mente e não somente punitivos.
31 de agosto de 2013
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