"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 31 de agosto de 2013

JUROS DA DÍVIDA CONSOMEM TANTO DINHEIRO QUANTO A EDUCAÇÃO

Juntos, o governo federal, os Estados e os municípios gastam com juros de suas dívidas tanto dinheiro quanto o destinado à educação no país.
 
A evidente distorção de prioridades pode ser observada no infográfico abaixo, que relaciona as principais fontes de receita e as diferentes finalidades das despesas públicas.
 
Analisar escolhas _ou fatalidades_ como essa será um dos objetivos deste blog que estreia hoje, assim como os efeitos da tributação e do gasto dos governos no cotidiano das famílias e das empresas.



Tanto a educação, primazia orçamentária mais consensual no país, como os juros da dívida pública, muito mais um encargo do que uma opção, consomem cada um algo como 5% de toda a renda do país.
 
A educação vem elevando gradualmente sua parcela nos últimos anos; a conta financeira caiu no governo Dilma, mas está novamente em tendência de alta.
 
A alocação de recursos para o ensino público no país é compatível com a prática no resto do mundo; já o custo da dívida pública brasileira é anormalmente elevado.
 
Países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), na maioria ricos, gastam, em média, 5,6% do Produto Interno Bruto com educação e 2,6% com juros.
 
O peso excessivo da dívida encoraja, especialmente na esquerda do mundo político, propostas de interromper total ou parcialmente o pagamento de juros, o que liberaria mais recursos para áreas mais nobres.
 
Mesmo sem levar em conta as consequências econômicas de tal medida, é possível demonstrar que seu potencial de geração de verbas é menor do que parece.
 
Os governos brasileiros já gastam mais do que arrecadam _ou, em outras palavras, estão sempre fazendo novas dívidas. A parcela da receita de impostos destinada aos juros não chega a pagar metade da conta.
 
Um hipotético calote da dívida, portanto, acabaria por reduzir as possibilidades de expansão futura dos demais gastos, porque os credores deixariam de financiar o deficit das contas públicas.
 
A escolha menos radical das administrações de Lula e Dilma foi reduzir as taxas de juros para viabilizar o aumento dos gastos sociais e dos investimentos.
 
Mas a estratégia também chegou a um limite quando a consequente alta da inflação fez com que o Banco Central fosse obrigado a elevar novamente os juros.

31 de agosto de 2013
Folha de São Paulo

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