"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 31 de agosto de 2013

RESENHA: "A ILHA DO DOUTOR CASTRO"


          Artigos - Cultura 
ilhaJamais poderemos nos tornar ditadores (...). Eu sou um homem que sabe quando é preciso ir embora.
Fidel Castro, 08 de Janeiro de 1959, primeiro discurso após a entrada em Havana.



Depois de mais de meio século desde o seu primeiro pronunciamento, o “Comandante” permanece firme no poder, fazendo de Cuba a ditadura mais duradoura da face da Terra. Um regime que resiste aos efeitos do tempo.
 
Conserva-se apesar da decrepitude de seu líder máximo. Sobrevive mesmo espalhando miséria, destruição e morte. Cuba segue como modelo inspirador para lideranças políticas e chefes de Estado, para “pseudo-Intelectuais” engajados, para a juventude rebelde e um sem número de “idiotizados” por uma publicidade enganosa vagabunda.
 
Os jornalistas Corine Cumerlato e Denis Rousseau viveram em Cuba durante três anos, de 1996 a 1999. “A ilha do doutor Castro” é o registro desta experiência.
 
O livro é uma boa fonte de informação sobre Cuba – e também sobre a vida cotidiana dos cubanos, que é regida por Fidel Castro. Ele aborda o aspecto histórico da revolução, o “sistema” e a arquitetura do regime totalitário, a economia e os elementos socioculturais.
Os autores descrevem a doutrinação socialista-comunista nas escolas. A vigilância das autoridades através dos comitês de bairro. O mercado duplo – de dólares e pesos. O mercado negro e a corrupção.
Os apagões e racionamentos.
 
A verdadeira medicina cubana, que tem uma estrutura precaríssima e carece dos medicamentos mais básicos – em que os pacientes e suas famílias são responsáveis por suas roupas e pela alimentação durante a internação hospitalar. As estatísticas monstruosas de aborto. A fome e a prostituição.
 
O regime castrista–socialista-comunista se auto-elegeu guardião e provedor do “povo” cubano. Assumiu o projeto de construir um “mundo novo” fundado na “igualdade entre todos”. No entanto, criou verdadeiramente cidadãos de segunda classe: os próprios cubanos.
Enquanto os estrangeiros – os turistas – são adulados com todos os mimos e regalias para que, imbecilizados, façam publicidade da ilha e do regime no exterior – e a elite revolucionária se farta de privilégios instituídos por ela mesma –, o restante da população é proibido de frequentar certos locais públicos, tem limitações impostas na assistência médica e até na compra de medicamentos.
 
Cumerlato e Rousseau contam que a visita do Papa João Paulo II, em 1998, levou uma fagulha de esperança aos cubanos. “Não tenham medo” [...] “sejam os protagonistas de vossa história”, proclamou o Pontífice. Porém, “El Comandante” demonstrou desprezo e indiferença: “Escuto com sorriso de Gioconda e paciência de Jó” [...] “Cuba permanece inamovível em seus princípios”.
 
Enfim, o livro dos jornalistas franceses é o relato de uma experiência sob o regime totalitário
conduzido por um ditador sanguinário – e dos efeitos tenebrosos que eles impõem aos cubanos.
Em Fidel Castro uma telespectadora da ilha observou: “ele tem olhos de louco!” – e uma pessoa próxima a corrigiu: “mas ele sempre teve esses olhos; não tinha notado?” (p. 22).
Não, depois de mais de meio século, a América Latina não notou. Porque quem dita as regras, quem rege o continente é o Foro de São Paulo - a organização fundada pelo “Comandante” cubano e por Luiz Inácio – e pelo PT, que hoje detém o poder no Brasil – para fomentar a revolução socialista-comunista.
 
Quer dizer, disseminar não apenas uma cultura revolucionária, mas cristalizar uma forma de governo de dimensões continentais – a “Pátria grande” inspirada em um modelo que produziu concretamente apenas destruição, morte, controle e repressão.

31 de agosto de 2013
Bruno Braga

CUMERLATO, Corine. ROUSSEAU, Denis. “A ilha do doutor Castro”: a transição confiscada. Trad. Paulo Neves. Editora Peixoto Netto: São Paulo, 2001.

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