Eu estou me preparando para implementar uma decisão já tomada: não falar mais com certos tipos de pessoas, a não ser quando quiser que terceiros ouçam ou leiam as explicações que eu julgar adequadas.
Por quê? Porque tem gente com quem não vale a pena gastar tempo.
Por exemplo, tem um cara que alega que “não se pode levar a lógica muito a sério”, porque o ser humano não é sempre lógico. Adianta gastar tempo com um estúpido desses?
Por exemplo, tem um cara que alega que “todo intervencionismo é criminoso”, porque não existe uma moralidade objetiva. Adianta gastar tempo com um insensível desses?
Por exemplo, tem um cara que alega que “os fins justificam os meios”, porque no final não interessa quem foi ético e sim quem foi eleito. Adianta gastar tempo com um safado desses?
Nós poderíamos explicar para o primeiro que o argumento dele é um imenso non sequitur. Adiantaria?
Nós poderíamos explicar para o segundo que existe uma boa razão para proteger inocentes indefesos de massacres. Adiantaria?
Nós poderíamos explicar para o segundo que alguém que se elege mentindo não representa o eleitor e assim viola a razão de ser da eleição. Adiantaria?
Então, se sabemos que nada disso traz resultado positivo algum, que é uma imensa perda de tempo e de energia que poderiam ser muito melhor empregados, por que raios tantas vezes tentamos fazer essas coisas?
Às vezes credito a “culpa” por essa perda de tempo e gasto inútil de energia aos pioneiros iluministas. Mas eles não tinham internet. Eles não tinham perfil no Orkut. Eles não debatiam em comunidades povoadas por antas psicopatas mal intencionadas. Eles julgavam o ser humano em geral pelos seus próprios padrões e pelos padrões de seus pares. Eles não tinham como ser realistas. É compreensível que tenham sido excessivamente otimistas.
Com toda a intensa experiência que acumulamos nesses últimos oito ou dez anos de internet, entretanto, estamos em melhores condições do que todos os filósofos dos últimos três ou quatro séculos para chegar a uma conclusão terrível, porém impossível de ignorar: temos poucos interlocutores simultaneamente razoáveis, empáticos e decentes. Muito menos do que normalmente acreditamos ter.
Adianta reclamar disso? Não, não adianta. Assim é o mundo.
Que bom que a gente sempre pode aprender e se adaptar.
19 de agosto de 2013
Arthur Golgo Lucas
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