O caso do desaparecimento do auxiliar de pedreiro Amarildo de Souza, com todas as características de execução, traz à tona a verdade sobre a política do governador Sergio Cabral Filho de “pacificação de favelas”. Fica cada vez mais evidente que as chamadas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) representam uma das maiores manobras de marketing da política brasileira, nos últimos tempos.
Na época da criação das primeiras UPPs, Helio Fernandes cansou de denunciar aqui no Blog da Tribuna da Imprensa que Cabral havia feito um acordo com os traficantes, nos seguintes termos: 1) o tráfico se livrava de seus olheiros e soldados ninjas, nada de tiros para o alto e balas perdidas; 2) Os moradores da comunidade seriam respeitados e poderiam viver em paz; 3) a Polícia Militar não prenderia nenhum dos traficantes, construiria a UPP, ocuparia o morro, mas não reprimiria o tráfico, desde que o movimento fosse feito com discrição.
Quando soube da intenção do governo Cabral, o ex-chefe de Polícia Manoel Vidal, que é uma lenda vivo no Rio de Janeiro, considerado um dos policiais mais eficientes e honestos de toda a História da Polícia Civil, disse que projeto das UPPs seria limitado, porque o Rio de Janeiro tem mais de mil favelas e a PM só poderia “ocupar” algumas delas. Vidal explicou que as despesas com a contratação de policiais e custeio da corporação seriam de tal ordem que se tornariam inatingíveis.
OS TRAFICANTES GOSTARAM
O acordo foi cumprido. Em operações cinematográficas, a Polícia então “invadiu” as principais favelas, mas sem jamais prender um só traficante. Os chefões ficaram satisfeitíssimos, porque passaram a fazer economia, sem ter de pagar os soldados e olheiros nem gastar dinheiro com armas e munição, e as favelas ficaram aparentemente pacificadas.
O tráfico se modernizou, passou a ser feito por motoboys no estilo ”delivery”. Sem trabalho, os soldados e olheiros do tráfico desceram dos morros para praticar assaltos nas ruas, o que era mais do que esperado. E as UPPs passaram a ser o local de trabalho mais disputado pelos PMs, porque são poucas as ocorrências, não há risco de vida e pode-se ganhar muito dinheiro fazendo vista grossa para o tráfico. Ficou famoso o caso do PM preso no Morro da Coroa, em São Teresa, um mês depois da criação da UPP, com R$ 13 mil no bolso, em dinheiro vivo.
Como dizia o genial João Saldanha, vida que segue. E agora o caso Amarildo revela a verdade sobre o funcionamento dessas UPPs. Ao sequestrá-lo, por julgarem que Amarildo estava ligado ao tráfico, na verdade os PMs não estavam querendo chegar ao traficantes; pretendiam alcançar apenas o dinheiro deles.
CABRAL AMEAÇA RENUNCIAR.
O governador Cabral anunciou em uma entrevista à “IstoÉ” que vai renunciar, entregando o cargo a seu vice Pezão, que disputará a reeleição. A saída de Cabral deve ocorrer em 2014, entre janeiro e abril. O motivo declarado para a renúncia é a preparação da candidatura do vice-governador, mas na verdade Cabral quer sair candidato ao Senado para ser julgado pelo Supremo, em caso de alguma denúncia de seus atos de corrupção seja acolhida pela Justiça.
No dia em que Cabral sair, o povo do estado do Rio deverá sair em procissão para agradecer a Deus essa graça. E vamos lutar para que ele seja derrotado na eleição e perca o foro privilegiado. Que assim seja.
19 de agosto de 2013
Carlos Newton.
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