Era absolutamente inviável, impensável e inacreditável que o inexpressivo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) pudesse ter chance concreta de se tornar presidente da República. Em seus quatro mandatos anteriores, jamais esteve na linha de frente da Câmara, não costuma presidir comissão permanente, seus discursos são desprezíveis, raramente aceita ser relator, apresenta pouquíssimos projetos – o mais importante, nos últimos anos, é bastante esquisito, porque susta a aplicação da Resolução 21 da Agência Nacional do Petróleo, que estabelece os requisitos a serem cumpridos pelos detentores de direitos de exploração e produção de petróleo e gás natural que executarão a técnica de fraturamento hidráulico em reservatório não convencional. Parece ser um daqueles projetos que Eduardo Cunha apresentava na área do petróleo…
Como essa falta de currículo, ninguém esperava que ele pudesse se tornar presidente da Câmara, cargo que alcançou de tabela, com circunstâncias do destino, e já estava de bom tamanho. Mas como esperar que pudesse almejar a Presidência da República? Realmente, nem mesmo Nostradamus poderia fazer tal previsão – e se ousasse, seria imediatamente internado para tratamento rigoroso.
DE REPENTE – Diante dessa possibilidade concreta de Maia ocupar o Planalto, Vinicius de Moraes certamente repetiria: “De repente, não mais que de repente…”, Rodrigo Maia surgiu nas paradas de sucesso, justamente quando sua carreira parecia caminhar para o ocaso, a reeleição para a Câmara em 2018 seria difícil e complicada, porque foi o único deputado federal eleito pelo DEM-RJ, um partido em franca decadência.
E agora a chegada de Rodrigo Maia ao poder não depende dele, que nem precisa se mexer. Da mesma forma que herdou os votos do pai, Cesar Maia, que hoje se contenta em ser vereador para não fazer o filho cair de turma, agora Rodrigo pode herdar o desgastado espólio de Dilma Rousseff e chegar à Presidência, vejam a que ponto chegamos.
OS MAIAS NO PODER – É claro que Rodrigo Maia não vai governar nada. Seu cargo será apenas simbólico. O poder já foi engolfado pelo ministro Henrique Meirelles, que escanteou o chanceler Aloysio Nunes Ferreira no último sábado e representou o Brasil na importante sessão de encerramento da cúpula do G-20.
Quanto a Rodrigo Maia, quem lhe dá orientações é seu pai, que desde o escândalo da gravação de Temer, dia 17 de maio, vem traçando a estratégia do filho em busca do Planalto.
Todo dia tem novidade, e nesta segunda-feira o PSDB se reúne para discutir a situação de Temer no governo. Como sempre, os tucanos devem ficar em cima do muro, a pretexto de apoiarem as reformas, embora desta vez até exista possibilidade de desembarque, que significaria a morte antecipada do governo Temer.
RASPUTIN IMBERBE – Por enquanto, tudo são hipóteses. Temer continua de posse da caneta, Rodrigo Maia ainda tem de obedecer a ele. Mas em poucos dias se saberá quem vai estar no Planalto, fingindo que governa. Porque na verdade todos já sabem que é o ministro Henrique Meirelles que exerce o poder, de fato, como se fosse uma espécie de Grigori Rasputin sem a barba e a farta cabeleira que caracterizavam o histórico personagem.
Quanto a Cesar Maia, se o filho for mesmo sorteado na roleta política, não poderá lhe oferecer cargo público, devido à Lei do Nepotismo. Mas vai influir na gestão dos setores menos importantes do governo, porque tudo o que interessa ficou sob comando do Rasputin tropical, que já decidiu que as coisas vão mudar no BNDES, e para pior. Mas quem se interessa?
10 de julho de 2017
Carlos Newton
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