Nos últimos quase quinze anos, o Brasil foi tomado por quadrilhas que se alternaram no poder central, como se a corrupção fosse a única forma de governar. Desde que a Operação Lava-Jato entrou em cena, em março de 2014, a política brasileira entrou em uma espiral de escândalos jamais vista.
Depois de o PT ter sido despejado do Palácio do Planalto na roubalheira sistêmica que surgiu a partir do esquema conhecido como Petrolão, o País jamais foi o mesmo. Dilma Rousseff caiu sob o manto decrime de responsabilidade, mas na verdade foi a cleptocracia petista que selou seu destino.
Agora, com Michel Temer (PMDB) a viver momentos de incerteza, o Brasil deve estar preparado para um novo período de turbulências econômicas, pois o que domina a cena é uma briga entre bandos que buscam apoderar-se do Estado para o cometimento de crimes.
Por certo o Brasil não mais suporta uma crise tão longeva e devastadora, mas os artífices do caos parecem estar dispostos a tudo e mais um pouco. O melhor exemplo dessa disposição é o movimento capitaneado nos bastidores por Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados e substituto constitucional de Temer no caso de vacância da Presidência da República.
Muito acima dos interesses do País e do desejo da extensa maioria da população está a vaidade da classe política e o corporativismo de ocasião. Maia articula-se nos bastidores para assumir a Presidência, mas diante de holofotes e microfones afirma que o momento exige “prudência”.
Ao presidente da República, Rodrigo Maia disse que não atuará contra o peemedebista, mas também não mostrou vontade de atuar a favor. Até porque, o deputado democrata está a sonhar cada vez mais com a possibilidade de se instalar de vez no Palácio do Planalto, como se o Brasil precisasse de incompetentes confessos e conhecidos.
O PSDB, por sua vez, que há muito vem caindo em desgraça junto à opinião pública, nas últimas semanas assumiu o papel de Judas Iscariotes da política nacional. Os tucanos têm engrossado o canto da deserção, o que levaria Michel Temer a uma situação de insolubilidade política.
A grande preocupação do mercado financeiro e da classe empresarial repousa sobre o avanço das reformas trabalhista e previdenciária, algo que só foi possível até agora graças à competência da equipe econômica do governo. Aliás, a condição primeira para Rodrigo Maia ser eventualmente o timoneiro da transição é a manutenção da equipe econômica. E se isso se confirmar, Maia não apenas poderá ser eleito indiretamente como presidente da República, como certamente tentará a reeleição em 2018.
Com a possibilidade cada vez maior de Michel Temer ser afastado do cargo pelo período máximo de seis meses, o brasileiro precisa se acostumar rapidamente com a ideia de viver diante de uma gangorra política movida pela crise e principalmente pelas disputas partidárias, que devem se acirrar com o passar do tempo.
Com um quadro tão complexo, a saída mais adequada para o País, no vácuo de uma grande que por enquanto inexiste, será a renúncia de Michel Temer, o que obrigaria o presidente da Câmara dos Deputados, após assumir interinamente, convocar eleição indireta em no máximo trinta dias. Ato contínuo, o melhor seria colocar o ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, no principal gabinete palaciano. Afinal, o Brasil vive uma grave crise econômica.
10 de julho de 2017
ucho.info
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