É isso. A semana que está começando será extremamente crítica para o presidente da República e pode se tornar a última escala de sua viagem pelo poder. Três fatos se destacam nesse sentido: o relatório Sérgio Zveiter na Comissão de Constituição e Justiça, a aproximação entre Henrique Meirelles e o deputado Rodrigo Maia – reportagem de Bruno Boghossian e Marina Dias, Folha de São Paulo de domingo – e a votação da reforma trabalhista terça-feira pelo Senado Federal.
A rigor, são três capítulos lançados de uma só vez e que têm como a parte mais sensível o enfraquecimento cada vez maior daquele que ocupa ainda o Palácio do Planalto. Ao partir de Hamburgo retornando a Brasília, Michel Temer afirmou estar “tranquilíssimo”. Puro lance no sentido de iludir a opinião pública. Ele não poderia falar outra coisa, mas isso não representa que tenha falado a verdade.
NA CORDA BAMBA – Não é possível alguém situar-se num mar de tranquilidade, quando, ao que tudo indica, sofrerá um impacto no relatório preliminar contra si, a ser destacado na Comissão de Constituição e Justiça e que, sem dúvida, terá repercussão forte no palco político nacional.
Outra realidade que surge está contida na iniciativa de Henrique Meirelles de traçar um cenário de ação econômica com o deputado Rodrigo Maia. Meirelles, no relato de Boghossian e Marina Dias, deseja ainda mais autonomia proposta, que faz num momento de alvorada que deve marcar a sucessão presidencial que se descortina para breve. A conquista de mais espaço, além do que já possui, inclui a direção do BNDES. Ele já tem o Banco Central e o Ministério do Planejamento. Quer mantê-los e une o BNDES à sua área de influência. São condições para permanecer no revezamento que se projeta na Esplanada de Brasília.
MANCHETE DA ÉPOCA – Além desse elenco de fatos, segundo a manchete da Revista Época que está nas bancas, haverá também comparecimento maciço de deputados para decidir o afastamento ou não do presidente da República. O cenário culmina com praticamente a certeza de que Michel Temer perdeu as condições de governar.
O PSDB, afinal, deve desembarcar do voo do poder. Os sintomas apontam para a escala final de um governo que perdeu a si mesmo. Não se pode esquecer também a hipótese dramática de uma delação de Eduardo Cunha. Uma dose para dinossauro.
10 de julho de 2017
Pedro do Coutto
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