A situação jurídica que envolve o ex-presidente Lula está se complicando, em termos pelo menos de afastá-lo da sucessão de 2018, o que modificará também o quadro básico das eleições presidenciais. Reportagem de Ricardo Brandt, O Estado de S. Paulo de segunda-feira, revela que o Ministério Público Federal está pretendendo acusá-lo também de obstrução à Justiça, com base no seu encontro com o então diretor da Petrobrás Renato Duque. Este é o segundo fato a ser considerado contra o ex-presidente, uma vez que o primeiro está contido na audiência que teve com o juiz Sérgio Moro. Neste caso, procuradores consideram seu depoimento em relação a Léo Pinheiro como uma confissão visando a lavagem de dinheiro.
Esses são os dois pontos básicos da reportagem de Brandt. Mas há um terceiro: a disposição do ex-ministro Antonio Palocci de aderir ao elenco dos delatores premiados. Palocci foi ministro tanto de Lula quanto de Dilma Rousseff. Comprovando sua nova disposição, mudou de advogado que o defendia no processo de Curitiba.
NOVO ADVOGADO – Palocci substituiu o criminalista José Roberto Batochio por Adriano Bretas, que vem orientando o depoimento de vários delatores. Bretas chefia uma equipe integrada por Tracy Reinalder, André Pontarolli e Matheus Macedo. Palocci deixou nítida, assim, sua intenção de delatar, sobretudo porque Adriano Bretas sustentou que sua nova posição não representa desistência ao habeas corpus que continua pleiteando.
Antonio Palocci foi ministro da Fazenda de Lula e chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff. Esta condição não o coloca apenas como um delator privilegiado, mas sobretudo como testemunha valiosa dos bastidores do poder. Uma condenação aplicada a Lula, se mantida pelo Tribunal Regional Federal, o afastará da sucessão presidencial de 2018, com base na Lei da Ficha Limpa. Tal hipótese mudará basicamente o panorama político sucessório, uma vez que Lula, pelo que dizem pesquisas do Datafolha e do Ibope, estaria habilitado para disputar o segundo turno.
SENSAÇÃO DE VAZIO – O panorama sucessório de Michel Temer, hoje refletindo uma certa sensação de vazio, sem Lula ficaria ainda mais enfraquecido. Há carência de nomes. Tanto assim que o do prefeito João Dória está avançando, sinal de que Serra, Aécio e Geraldo Alckmin, todos do PSDB, estariam apresentando uma decolagem fraca.
Sem Lula, o PT fica órfão, o PMDB não possui nenhum nome de peso, e Ciro Gomes já se apresenta como possível candidato. Um nome certo hoje está consolidado para qualquer situação: o de Marina Silva. Faltam 15 meses para as urnas da sucessão.
16 de maio de 2017
Pedro do Coutto
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