"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 16 de maio de 2017

LAVA JATO ENFIM COMEÇA A DEVASSAR A CORRUPÇÃO NO JUDICIÁRIO, QUE É ESTARRECEDORA

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Charge do Kemp (humortadela.com.br)
A excelente coluna “Painel” da Folha de S. Paulo, editada por Daniela Lima, informa que o ministro Edson Fachin tem sob sua guarda no Supremo Tribunal Federal os depoimentos da Odebrecht ainda sigilosos, que envolvem integrantes de diversas esferas do Judiciário. 

As revelações de delatores da empreiteira sobre nomes da Justiça e de alguns de seus parentes estão entre os 25 pedidos de inquérito apresentados pela Procuradoria-Geral da República que ainda não foram divulgados pelo relator da Lava Jato. 
A nota do “Painel” acrescenta que esses depoimentos despertam insegurança especialmente no Superior Tribunal de Justiça e no Tribunal de Conta da União.
Confirmam-se, assim, as declarações da ex-ministra Eliana Calmon, ex-corregedora do Conselho Nacional de Justiça, sobre a necessidade de o Judiciário ser investigado. 
Como se sabe, em 2011 ela foi alvo de duras críticas ao afirmar que havia “bandidos escondidos atrás da toga”. E existiam, mesmo.
VINDO À TONA – Mais recentemente, a 16 de abril, Eliana Calmon fez novas declarações ao jornalista Frederico Vasconcelos, também da Folha: “Do tempo em que eu fui corregedora para cá, as coisas não melhoraram”. E previu que a Lava Jato pegará os magistrados num segundo momento: “O Judiciário está sendo preservado, como estratégia para não enfraquecer a investigação. Mas muita coisa virá à tona”.
Para a ex-ministra do STJ, alegar que a Lava Jato criminaliza os partidos e a atividade política é uma forma de inibir as investigações. “Os políticos corruptos nunca temeram a Justiça e o Ministério Público. O que eles temem é a opinião pública e a mídia”, afirmou na entrevista a Vasconcelos.
Em 2011, Eliana Calmon sabia exatamente o que estava falando. Dois ministros do STJ já estão sob investigação no Supremo – o ex-presidente Francisco Falcão e Navarro Dantas, por obstrução à Justiça, em conluio com a então presidente Dilma Rousseff, num plano mirabolante para libertar Marcelo Odebrecht e os outros empreiteiros da Lava Jato. Mas o esquema vazou, foi revelado na mídia e aqui na Tribuna da Internet, acabou não dando certo, muito pelo contrário.
DELAÇÃO DA OAS – A fila está andando, porque vem aí a delação da OAS, que também vai atingir integrantes de tribunais superiores. Já se sabe que dois ministros do STJ – Humberto Martins, atual vice-presidente, e Benedito Gonçalves – foram citados nas negociações de delação da OAS, por atuarem no tribunal favorecendo a empreiteira. Oportuna reportagem de Bela Megale e Wálter Nunes revelou que, no caso de Martins,  o dinheiro foi repassado por meio de seu filho Eduardo Filipe, que é advogado e atua em causas junto ao STJ. Já o ministro Gonçalves apareceu em um relatório da Polícia Federal devido à sua intimidade com Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, que está preso em Curitiba e negocia um acordo de delação.
Outro ministro próximo a Léo Pinheiro é Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, já citado em depoimento anterior do ex-presidente da OAS, que agora está indicando os sócios da empresa e cerca de 50 executivos para participarem do acordo de delação.
A OAS promete delatar também a ex-primeira-dama do Rio Adriana Ancelmo, que está em prisão domiciliar. Os fatos narrados se relacionam à atuação dela, que é advogada, junto ao Judiciário para favorecer a empreiteira. Vai ser um festival.

MINISTROS DO TCU – A investigação está abalando também o Tribunal de Contas da União. Três dos nove ministros do Tribunal de Contas da União são citados em investigações de crimes diversos e dois já são formalmente investigados no Supremo Tribunal Federal.  Um deles é  Augusto Nardes, envolvido em esquema investigado na Operação Zelotes, que apura fraudes e supostas compras de decisões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
O ministro Raimundo Carreiro, atual presidente, também é  investigado no STF por acusações feitas pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, da construtora UTC, beneficiada em processo no TCU sobre a usina nuclear Angra 3. 
A propina  foi repassada ao advogado Tiago Cedraz, filho do ministro Augusto Cedraz, que tem um sobrinho também envolvido. E o terceiro ministro é Vital do Rêgo, investigado na Lava Jato por fraude e esquema para impedir convocações de empreiteiros na CPI da Petrobrás, da qual foi presidente quando senador pelo PMDB da Paraíba.
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PS – Como todos sabem, a fila anda e outros magistrados serão envolvidos, porque a Lava Jato fatalmente fará também uma limpeza no Judiciário, que tem se sujado bastante nos últimos tempos. Para o serviço ser mais duradouro, vai ser necessário fazer dedetização e desratização, porque realmente está comprovado que há bandidos de toga. (C.N.)

16 de maio de 2017
Carlos Newton 

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