"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 16 de maio de 2017

ANTONIO CANDIDO: O PROFESSOR DE FHC QUE AJUDOU A ENGENDRAR O LULOPETISMO



Em 28 de novembro de 2015, em minha exposição no Conclave pela Democracia em São Paulo, destaquei o papel do intelectual Antonio Candido de Mello e Souza [1918-2017], professor de Fernando Henrique Cardoso, na USP, e fundador do PT, ajudando, portanto, junto com Sérgio Buarque de Hollanda, a engendrar o lulopetismo. Foi significativo coincidir a morte do longevo Antonio Candido de Mello e Souza (98 anos) na mesma semana do depoimento do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba.
Assim expressei naquela exposição:
(…)
Fernando Henrique Cardoso, hoje membro da entidade globalista The Elders, por exemplo, naqueles anos iniciais do CEBRAP, foi quem subsidiou Ulisses Guimarães na elaboração do estatuto do então MDB, que está aí até hoje como um parceiro e tanto! E então sob tantos eufemismos, para a perversão dos “direitos humanos” (1), a revolução cultural precisou ocorrer também no campo político. Processo esse que, na verdade, adensou o que já havia sido acenado, ao final da Segunda Guerra Mundial.

Lembremos do que foi debatido, em janeiro de 1945, no I Congresso Brasileiro de Escritores, época em que Fernando Henrique, muito novo, já confabulava com Oswald de Andrade. Naquele primeiro período de redemocratização, os intelectuais principalmente da USP, entre outros, já acalentavam a ambição por um partido proeminente de esquerda, mesmo ainda sob a influência de Vargas, que desejava “aglutinar suas heterogêneas bases de apoio em um único partido político” (2). Aquele período foi, digamos assim, um primeiro balão de ensaio.

O pai de FHC, “o tenente-coronel Leônidas, ao longo do ano de 1945, participa do movimento pela anistia dos presos e perseguidos políticos, defende a reconstitucionalização do país” (3), etc. Naquela época, FHC já tinha sido seduzido pela esquerda e seduzia. O próprio “Darcy Ribeiro fala na malícia de Fernando Henrique, já bem visível desde a adolescência” (4), aonde “dizia as coisas com um pequeno sorriso no canto da boca e com um jeito malandro” (5).

E assim, ainda “no período do ginásio” (6), FHC “em 1946 é eleito diretor do grêmio, depois vice-presidente em 1947, e presidente até 1948” (7). Quando ingressou, no ano seguinte, na Faculdade de Filosofia da USP, porque foi reprovado no vestibular para a Faculdade de Direito, por causa do latim” (8), e seria aluno de outra personagem importante nessa história toda: o longevo, quase centenário, Antonio Candido de Mello e Souza (que anos mais tarde fundaria o PT [para ser o partido] e ajudaria a fazer de Lula o monstro político que ele é hoje. E há ainda outro ilustre professor da USP, que ajudou nisso, Sérgio Buarque de Hollanda, pai do enfant gaté Chico Buarque, aquele que cantou para eleger Lula: Sem medo de ser feliz! (9)

Antonio Candido de Mello e Souza, além de badalado crítico literário, entusiasta dos modernistas, foi militante do Partido Socialista Brasileiro, tendo participado do Grupo Radical de Ação Popular. A sua tese de doutorado em Ciências Sociais, Os Parceiros do Rio Bonito (1954), datilografada pelo seu aluno FHC, faz o ataque à propriedade privada, sob a premissa marxista. [E também faz, naquele estudo, à apologia à mandioca]. Defende também que “a formação de uniões novas e livres e aprovadas pela sociedade podem contribuir, segundo a tradição caipira [que é objeto de estudo de sua tese], para a correção de desequilíbrios sócios culturais.”

Estão lá os elementos embrionários da agenda do marxismo aliado ao feminismo, hoje escancarada pelo governo do PT, que ele ajudou a fundar e que seu aluno FHC exerceu e exerce ainda hoje papel preponderante em sua implementação.
(…)

16 de maio de 2017
Hermes Rodrigues Nery, Para além do brado retumbante, 2015


Notas:
1. SANAHUJA, Juan Cláudio, Poder Global e Religião Universal, p. 39, Ecclesiae, Campinas, 2012.

2. KAYSEL, André, Elementos para uma genealogia das direitas brasileiras, p. 60, no documento “Direita, Volver – o retorno da direita e o ciclo político brasileiro, Fundação Perseu Abramo, 2015.

3. LEONI, Brigitte Hersant, Fernando Henrique Cardoso – O Brasil do Possível, p. 52, Editora Nova Fronteira, 1997.
4. Ib. p. 57.
5. Ibidem.
6. Ibidem.
7. Ibidem.
8. Ib. p. 58.
9. Vídeo

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