"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

PÍLULAS HUNTER


OS AUTOS FALAM

Depois de alguns dias com uma expectativa de que finalmente uma teoria da conspiração pudesse ganhar contornos de realidade (ainda mais depois de um 2016 extremamente roteirizado com influências hollywoodianas), eis que Leandro Colon e Rubens Valente começam a tirar o véu que cobre o desastre que vitimou Teori Zavascki. Eles contaram em primeira mão na Folha de S.Paulo que os registros de voz gravados na cabine do KingAirmostram que, em diálogos pelo rádio com outros pilotos, Osmar Rodrigues, que pilotava o avião com Teori, disse que esperaria a chuva diminuir para pousar. Não houve nenhum registro de que a aeronave tenha apresentado algum problema mecânico. Conforme escrevem os repórteres, "na avaliação de técnicos do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), o teor aponta, em caráter preliminar, que o piloto pode ter perdido o controle da aeronave, levando-a ao choque com a água".

#reminiscências Vale um olhar atento para o JOTA na cobertura mais sensível da tragédia, sem maiores preocupações com a onda especulativa sobre a sucessão do ministro no STF ou o futuro da relatoria da Lava Jato. Débora Santos, que foi secretária de comunicação do STF na gestão de Ricardo Lewandowski, conta com delicadeza como Teori Zavascki lidava com a pressão de repórteres atrás de informações quentes sobre a Lava Jato.

#reminiscências2 Também no JOTA, merece uma leitura bem mais calma um tesouro recuperado pelo site: uma entrevista concedida por Teori em agosto de 2014 para o programa de História Oral da FGV. Não, não é chato. Ele nunca falou tanto numa entrevista. Fala, por exemplo, do time de futebol que ajudou a fundar quando era seminarista, "O Explosivo". Outros potenciais padres fundaram "O Extintor", para rivalizar. "O primeiro clássico foi um desastre, acabou em pancadaria e acabaram-se os dois times", diz o gremista Teori.


MONGE SUPREMO

Quem aparece ainda forte na já maior bolsa de apostas do passado recente é o presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Martins Filho. Podem esperar um fiel representante de ala conservadora num Supremo até aqui bem progressista em sua maioria. Painel conta que ele é chamado de "monge" pelos amigos (é bom frisar, pelos amigos, e não pela Odebrecht...) e indica que ele optou pelo celibato. Guilherme Amado, da coluna de Lauro Jardim, vai mais além e nos traz a informação de que Gandra é integrante da Opus Dei.

#patrão Coluna Expresso, da Época, mostra que o "trabalhista" Ives Gandra tem o apoio declarado do alto clero do empresariado, personificado por Paulo Skaf.

#sede O jogo de poder em Brasília se dá nos detalhes - e, às vezes, nem tanto assim nos detalhes. Bernardo Mello Franco resume bem a falta de tato dos candidatos ao Supremo (ou, no caso, ex-candidatos ao Supremo).

#fezinha E para quem quer embarcar de vez na onda de apostas pode investir uma graninha no site canadense Bumbet.com, que está recolhendo palpites para a disputa. A lista tem 19 nomes. A zebra maior até aqui é Benedito Gonçalves, com 36 pra 1. Para facilitar, o Poder 360 nos faz o favor de compilar o "quem é quem".

#tabuleiro Sobre a definição do novo relator, a leitura mais importante neste momento de especulações é uma matéria sem especulações. No Nexo, Bruno Lupion mostra as cinco formas possíveis de se definir o novo relator da Lava Jato, apontando como cada uma delas poderia ser colocada em prática e quais as previsíveis consequências de cada escolha.


OK, SENHOR DORIA

"Eu diria que em vez de se fantasiar de gari, de pedreiro, que ele entregue mais. Se fantasie menos e entregue mais. Se ele conseguir em dois anos entregar algo real, isso será muito poderoso. Mas você deve parar de fazer tantas promessas, ter um plano concreto e ter noção de que precisa se comprometer e ser muito prático - e não viciar na atenção que você acaba tendo ao dizer coisas ousadas". Esse é um dos conselhos (e críticas) dados a João Doria pelo americano Robert Greene, guru de políticos modernos, autor de "As 48 Leis do Poder", em boa entrevista a Néli Pereira, da BBC Brasil. Detalhe é que Doria usou ensinamentos de Greene em sua campanha. Talvez não como um excelente aluno.

#arte Diante da mais nova polêmica do prefeito paulistano, Raphael Evangelista, do Buzzfeed, faz um apelo humanitário a João Doria.

#tretadotrote Enquanto isso, o Conjur nos conta que Fernando Haddad foi absolvido da acusação de improbidade administrativa, pelo MP de São Paulo, pelo trote aplicado no comentarista Marco Antônio Villa.

#acelera Ao menos uma boa notícia para Doria: a Justiça liberou nesta terça o aumento da velocidade máxima nas marginais.


GUARDADO A 103 CHAVES

Jamil Chade apresenta no Estadão um relato impressionante sobre o zelo da Odebrecht com a propina alheia. A PGR brasileira ficou feliz da vida quando os americanos do FBI disseram que ajudariam os colegas da Lava Jato a decodificar as senhas que protegiam os servidores da empreiteira com potencialmente 2 milhões de páginas de documentos com detalhes do dinheiro ilegal pago a autoridades. Pois bem. O problema é que o FBI percebeu que, mesmo com toda a tecnologia disponível hoje, eles terminariam esse trabalho de quebra das senhas somente em 2120. Isso mesmo, em 103 anos.

#desapego Enquanto isso, a construtora vai se reorganizando. Valor Econômico informa que o imponderável chegou firme à Odebrecht e que a empresa está planejando deixar a família que dá nome à empresa fora de qualquer cargo executivo ou mesmo no Conselho de Administração. Além disso, a empresa vai passar a negociar suas ações na Bolsa. Tudo isso aconteceria dentro de dois anos, quando Emílio Odebrecht deixar a presidência do colegiado da holding.


TRUMP ANTIPACÍFICO

Primeiro ato mais relevante de Trump no comando da caneta presidencial americana, o adeus dos Estados Unidos ao TPP é mais simbólico do que qualquer outra coisa. Mas tem seus efeitos práticos, em especial nas expectativas dos países que contavam com canais abertos com os EUA. Esta matéria do El País, traduzida para o português, é a que melhor resume isso dentre tudo o que a gente conseguiu ler a respeito até aqui.


CICATRIZAÇÕES

Enquanto o Brasil pega fogo, o jornalismo vai lidando com suas próprias feridas. No JOTA, Kalleo Coura faz um ótimo retrato, com fatos, sobre a indústria brasileira da notícia falsa. Conseguiu, por exemplo, entrevistar o cérebro (ou seria o Pink?) por trás do Pensa Brasil, um dos sites especializados em post-truth ou alt-facts. O raciocínio inusitado do rapaz, que ganha uma bela grana com seu jornalismo alternativo, permite ao menos dizer que "temos uma pitadinha de sensacionalismo", mas pondera que "colocamos de um jeito para que o povo brasileiro possa entender".

#temremédio Nem tudo está perdido para a classe jornalística. Cientistas das universidades de Cambridge, Yale e George Mason estão trabalhando numa... vacina contra notícias falsas. Parece brincadeira, mas é fascinante a ideia, relatada pela BBC. "A ideia é oferecer um repertório cognitivo que ajude a construir uma resistência à desinformação para que, da próxima vez, ao ser exposta à notícia falsa, a pessoa esteja menos suscetível", diz o pesquisador-chefe do estudo, um psicólogo.


O BRASIL QUE DEU CERTO

Hugo Barra, brasileiro de sotaque chinês e ocupante do mais alto posto executivo da fabricante de celulares Xiaomi, a "Apple chinesa", deixou a empresa "para atuar em um novo projeto no Vale do Silício".

#pós-padilha E temos um novo potencial queridinho em Hollywood, mais especificamente nos corredores da Netflix. A Folha de S.Paulo conta, direto de Los Angeles, que o diretor paulista Fernando Coimbra, que dirigiu alguns episódios de Narcos, está comandando um filme de guerra sobre a segunda invasão americana ao Iraque, em 2003. Ele é agora o primeiro cineasta brasileiro a dirigir um longa-metragem original da Netflix com lançamento global.


SAIDEIRAS

A melhor notícia do ano até aqui: depois da data de vencimento, boletos bancários poderão ser pagos em qualquer banco! Maravilha contada primeiro pelo Valor Econômico.

A crise carcerária deu uma arrefecida ao menos momentânea, mas a Globo vai segurar um prejuízo durante um bom tempo: baseada no livro de Drauzio Varella, a série "Carcereiros" foi adiada em razão das matanças nos presídios. E não foi só. Outra série da emissora, "Brasil a Bordo", uma comédia, foi também adiada, pelo acidente com a Chapecoense e agora reforçada com a tragédia envolvendo Teori Zavascki.

Momento histórico da TV aberta brasileira ontem, com o chatonildo Tiago Leifert assumindo o lugar do chatonildo-mor Pedro Bial à frente do Big Brother Brasil. Veja e Uolderam suas respectivas impressões sobre o momento.

24 de janeiro de 2017
in pílulas hunter

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