SEIS POR MEIA DÚZIA...
Apesar da acusação de ter recebido recursos da Odebrecht em troca da aprovação uma medida provisória, o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) deve ser eleito com tranquilidade no próximo dia 1º para comandar o Senado. Com apoio de partidos do governo e da oposição, o senador diz a aliados não ter mais dúvidas sobre a vitória. Eunício é citado em delações premiadas da Lava Jato, acusado de receber R$ 2,1 milhões da Odebrecht em troca da aprovação de uma medida provisória. Ele ainda não responde a inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) e obteve uma certidão de “nada consta” da corte.
Em conversas reservadas, o senador avaliava que apenas a Lava Jato poderia atrapalhar sua candidatura. O provável atraso no andamento da operação, por causa da morte do ministro Teori Zavascki, diminui o risco de divulgação de informações que poderiam prejudicar sua eleição, segundo aliados.
APOIO GENERALIZADO – Mesmo depois das incertezas que o Senado viveu no fim do ano passado com a ordem de afastamento contra Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência da Casa pelo STF, os colegas de Eunício não parecem temer que as acusações contra ele desencadeiem situação semelhante.
“Na minha opinião, pelo critério da proporcionalidade, a indicação é do PMDB e, como tal, em princípio, o nome que for apresentado pelo PMDB terá o nosso apoio”, afirma o líder do PT, senador Humberto Costa (PE). Dividido, o partido deve reunir maioria em torno de Eunício.
Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM, afirma que vai seguir a decisão do partido e votar com o PMDB. Contudo, vê com ressalvas uma candidatura que pode “comprometer” o funcionamento da Casa. “Ao se ver a Presidência tendo que se ocupar de problemas de ordem pessoal, não se deixa de ser comprometedor ao Poder, porque você faz com que outros Poderes possam ameaçar ou intervir em ações que são nossas”, afirma.
MESA DIRETORA – São poucos os que têm usado as acusações contra Eunício para atacar o senador. Seu colega de partido Roberto Requião (PR), por exemplo, criticou as negociações para a nova Mesa Diretora, que deve ser formada por vários partidos citados na operação.
A nova Mesa que vem sendo negociada tem o PSDB na primeira vice-presidência, que deverá ficar com Tasso Jereissati (CE), e o peemedebista Valdir Raupp (RO) na segunda vice-presidência. O PT, atualmente alocado na primeira-vice, passa a ter a primeira-secretaria, com José Pimentel (CE). PSB, DEM e PTB também terão espaço.
Eunício deverá ser candidato único à eleição. Até o momento, só uma candidatura se contrapõe a dele, a de José Medeiros (PSD-MT), vista apenas como uma tentativa de conseguir “mídia”. “Todos sabemos que ele deve retirar a candidatura no último momento”, diz Caiado.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A eleição de Eunício Oliveira é mais uma amostra do processo de desmoralização do Congresso. Fica patente que o envolvimento em atos de corrupção é fator de fortalecimento dos candidatos, ao invés de enfraquecê-los. Detalhe importante e revelador: para ser eleito, Eunício teve de pedir a benção de Renan Calheiros, que preferia ver o amigo Romero Jucá (PMDB-RR) na presidência do Senado, mas teve de recuar porque houve muita resistência. Afinal, realmente seria desmoralização demais. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A eleição de Eunício Oliveira é mais uma amostra do processo de desmoralização do Congresso. Fica patente que o envolvimento em atos de corrupção é fator de fortalecimento dos candidatos, ao invés de enfraquecê-los. Detalhe importante e revelador: para ser eleito, Eunício teve de pedir a benção de Renan Calheiros, que preferia ver o amigo Romero Jucá (PMDB-RR) na presidência do Senado, mas teve de recuar porque houve muita resistência. Afinal, realmente seria desmoralização demais. (C.N.)
24 de janeiro de 2017
Débora Álvares
Folha
Nenhum comentário:
Postar um comentário